A Cardano (ADA) é, sem dúvida, uma das criptomoedas que possui uma base consolidada de defensores. Assim sendo, a SEC, alegando que a altcoin é um valor mobiliário, fez com que a comunidade da altcoin se levantasse em sua defesa. Conforme noticiado pelo Bolha Crypto, Frederik Gregaard, CEO da Cardano Foundation, discorda completamente da alegação da agência federal.
Além disso, Marcus Vinicius, embaixador da Cardano no Brasil, alegou que, como a ICO da ADA aconteceu no leste asiático e a maioria dos sites ou subpáginas da concorrente do Ethereum (ETH) tinha uma mensagem que enfatizava que a altcoin é um utility token, as alegações da SEC podem ser fracas.
Mas a defesa em torno da plataforma de contratos inteligentes não para por aí. Para exemplificar, em uma publicação no Twitter, os entusiastas da Cardano compararam os números-chave do protocolo com os do Bitcoin (BTC), demonstrando que a altcoin, nesse estudo, é mais descentralizada do que sua contraparte. Afinal, o protocolo da criptomoeda atualmente conta com 3.200 pools, sendo que os cinco maiores possuem participações de 8%, 4%, 3% e 2%, respectivamente.
Essas baixas concentrações de poder indicam que seria necessário um grande número de atores para formar uma coalizão capaz de realizar um ataque de 51% ao protocolo. Por outro lado, foi destacado pelos defensores da Cardano que os maiores mineradores de Bitcoin, incluindo o pool Foundry USA, são responsáveis por cerca de 32% dos blocos, enquanto o AntPool produz 21%. Os outros três principais pools detêm participações de 18%, 8% e 6%. Esses números indicam que apenas alguns operadores de pool poderiam unir forças e lançar um ataque à rede Bitcoin.
Segundo a SEC, a Cardano e outras criptomoedas, como Solana (SOL) e Polygon (MATIC), devem ser consideradas valores mobiliários devido à presença de uma equipe central de gerenciamento que trabalha para garantir benefícios aos investidores. No entanto, os defensores da ADA ressaltaram que, ao contrário da Input Output Global (IOG), a governança da Bitcoin Foundation, para a qual Satoshi Nakamoto entregou o controle do protocolo Bitcoin a Gavin Andersen, não é tão transparente.
Mas espera aí: a Cardano é mesmo mais descentralizada que o Bitcoin?
Em primeiro lugar, é preciso saber o que é um pool de mineração para entender se a afirmação dos defensores da Cardano está correta.
Em suma, os pools de mineração são grupos de mineradores que se unem para combinar seus recursos de processamento e aumentar suas chances de resolver os complexos problemas matemáticos necessários para minerar novos blocos de transações na blockchain de uma criptomoeda, nesse caso, do Bitcoin.
O grande objetivo dessa união é fazer com que os blocos de BTC sejam encontrados de forma mais eficiente. Como a rede do Bitcoin cresceu muito nos últimos anos, é quase impossível minerar um bloco sozinho. Nesse sentido, seria muito desperdício de energia sem receber nenhuma recompensa.
Além disso, as máquinas de mineração desses pools estão espalhadas ao redor do mundo. Mesmo que a Foundry USA seja responsável por cerca de 32% dos blocos, ela não tem o controle dessas máquinas. Os mineradores desse pool podem, por exemplo, sair dele e se juntar a outro. Ou seja, a organização pode até ser centralizada, mas isso não afeta a descentralização do Bitcoin.
Não podemos deixar de destacar os nodes da criptomoeda. Eles podem ser dispositivos ou computadores conectados à rede que validam e retransmitem transações e blocos para outros nodes. Qualquer pessoa pode ser um node de Bitcoin e ajudar nos processos de verificação de transações, armazenamento da blockchain e consenso.
A SEC alegou que o fato das altcoins citadas como valores mobiliários terem empresas por trás delas pode classificá-las nessa categoria. Isso também foi motivo para os defensores da ADA criticarem a Bitcoin Foundation como sendo menos transparente do que a IOG. No entanto, é válido ressaltar que a organização que recebeu a benção de Satoshi Nakamoto perdeu muito de sua relevância nos últimos anos.
Em meio a escândalos e controvérsias, os membros da Bitcoin Foundation foram perdendo espaço no mercado, o que ajudou na implementação de mudanças na estrutura da governança do BTC. Atualmente, o foco está muito mais em um consenso entre os participantes da rede do que na dependência da organização.
Através do Bitcoin Improvement Proposal, um sistema onde as alterações propostas são discutidas, revisadas e votadas pela comunidade da criptomoeda, há muito mais descentralização do que no ecossistema da Cardano, que possui uma comunidade relevante, mas não tão grande quanto a criptomoeda número um.