Sem dúvida, o mercado de criptomoedas é um dos mais complexos quando o assunto é segurança. Afinal, aqui você é o dono do seu próprio dinheiro. Além disso, não pode contar com uma instituição centralizada para te salvar caso perca suas chaves privadas ou no caso de elas vazarem de alguma forma. Infelizmente, Ivan Bianco, do canal Fraternidade Crypto, sentiu isso na pele e da forma mais difícil.
Com mais de 34 mil inscritos em seu canal, Ivan tem sido uma presença forte na indústria blockchain no Brasil, ensinando conteúdos relevantes para os investidores deste mercado. Sua jornada começou em 2017, um período em que as criptomoedas ainda estavam ganhando terreno e o bitcoin (BTC) custava cerca de US$2.000.
Nesse período, Ivan começou devagar com pouco dinheiro e buscando formas de aumentar sua renda através de mineração na nuvem e faucets. Entre ganhos e perdas, ele decidiu abrir um canal no YouTube para se sentir mais motivado a estudar para conseguir passar um conteúdo de qualidade para sua audiência.
Mas recentemente Ivan passou por um dos momentos mais delicados de sua história como criador de conteúdo cripto. Durante uma transmissão ao vivo, ele abriu acidentalmente um documento contendo senhas de suas carteiras de airdrops e Metamask para seus espectadores. Como resultado, perdeu mais de US$60.000 em criptomoedas para uma pessoa mal-intencionada.
O Bolha Crypto entrou em contato com Ivan para entender os detalhes do acontecido e oferecer também algumas dicas de segurança para você, independentemente de já estar há algum tempo na indústria blockchain.
Como tudo aconteceu
No dia 30 de agosto de 2023, Ivan realizou uma live onde estava detalhando o processo de finanças descentralizadas (DeFi), mas cometeu o erro de expor a senha e as chaves privadas de suas carteiras digitais.
“Por um descuido meu, eu estava ali mais ou menos a uma hora de live. Alguém me fez alguma pergunta. E eu tinha que abrir um site, colocar uma senha lá. Uma senha especial, com caracteres especiais. E eu precisava colar essa senha. Então eu fui abrir o bloco de notas com essa senha. Só que nesse bloco de notas, tinha uma chave privada minha. Na verdade, duas chaves privadas. De carteiras grandes”.
Ivan declarou que suas chaves estavam no computador em que ele estava fazendo a live, pois o PC dele estava inutilizado. Isso porque o SSD tinha parado de funcionar recentemente e ele precisava formatar.
“E aí eu tive que colocar a chave privada no PC para poder abrir. Eu não tenho hard wallet. Eu nunca usei, eu sempre usei celulares antigos, desligados, fora da internet… Só que eu estava fazendo (na live) as pools de liquidez na Uniswap e na Metamask. Então eu fui abrir essa senha e joguei pro monitor direito”.
O documento apareceu no monitor principal e, embora Ivan tenha percebido o erro quase imediatamente, já era tarde demais.
“E aí eu meio que desesperei, fechei tudo. E aí durante uns 30 segundos eu fiquei meio desnorteado. Aí eu falei, preciso fechar a live, é urgente. Fechei a live. Só que aí foi um pouco tarde. Eu até consegui fazer algumas transações na minha carteira. Porque os valores estavam na pool de liquidez. Então eu tinha que desfazer a pool para sacar. E esse desfazer a pool… às vezes tem uma transação que pode demorar segundos. Então isso me atrasou”.
De acordo com o influenciador, cerca de US$60.000 foram drenados em criptomoedas, como Wrapped Bitcoin (WBTC) e Ethereum. Contudo, as perdas também abrangem tokens de sua carteira antiga da MetaMask, NFTs e possíveis airdrops
Além disso, o impacto emocional foi tão intenso quanto o financeiro, se não mais, pois Ivan vê a criptomoeda como sua vida e não apenas uma forma de ganhar dinheiro.
“Parecia que acabou a vida mesmo, porque… é um dinheiro que a gente está num bear market agora. Ou seja, é um dinheiro bem desvalorizado, bem cansado. É um dinheiro de desde 2018 trabalhando no mercado, honestamente, fazendo conteúdo, parcerias, patrocínios, trabalhando em DAOs…”
Cuidados no mercado de criptomoedas
Ivan decidiu ir à polícia, onde foi aconselhado a não retirar o vídeo do ar. O criador também não deixou de dar um conselho para novos investidores no mercado de criptomoedas:
“Eu nunca fui hackeado. Normalmente quando a gente perde um dinheiro somos nós que erramos, com colocar nossa chave privada em um lugar que não deve ou salvar em lugares indevidos. Então nunca negligencie a segurança por menor que seja o valor que você tenha, porque hoje você pode ter um valor pequeno que você não fica preocupado, mas quem sabe no futuro esse valor cresce e aí fica complicado perder”.
Conforme observado por Vanessa Oliveira, CEO da ZeroUmCripto, as transações de criptomoedas são irreversíveis. Elas também não podem ser facilmente rastreadas, o que torna os ataques ainda mais devastadores.
Nesse sentido, uma vez que as criptos são transferidas de uma carteira para outra, é praticamente impossível recuperá-las, resultando em perdas financeiras irreparáveis para as vítimas de ataques cibernéticos.
Contudo, nesse cenário, é sempre válido destacar que a culpa nunca é da vítima. Erros são cometidos por qualquer pessoa, independente do tempo de mercado, mas apenas criminosos se aproveitam de vulnerabilidades como essa e devem ser penalizados por isso.