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ETF spot de Bitcoin: relembre os destaques no mercado cripto em 2023

ETF spot de Bitcoin: relembre os destaques no mercado cripto em 2023

De fato, a expectativa pela aprovação de um ETF spot de Bitcoin é enorme. Afinal, esse produto já foi negado tantas vezes pela SEC dos Estados Unidos.

Em 2017, por exemplo, o pedido foi feito pela VanEck, uma gestora de investimentos americana. A SEC alegou, na época, que o mercado de Bitcoin era “muito volátil e ilíquido” para suportar um ETF.

Desde então, a comissão negou outros 10 pedidos de ETF spot de Bitcoin utilizando os mesmos argumentos. Inclusive, ela apontou a possibilidade de manipulação de mercado.

No entanto, em 2023, essa história mudou com a chegada da BlackRock a esse espaço. A maior gestora de ativos do mundo decidiu fazer seu pedido de ETF spot de Bitcoin.

Esse comportamento da gestora foi suficiente para fazer com que outras empresas, como VanEck, Bitwise, Grayscale e Ark Invest, também embarcassem nesse barco.

Com a expectativa do mercado de criptomoedas de que o ETF spot de Bitcoin seja aprovado no dia 10 de janeiro de 2024, nada melhor do que relembrarmos os pontos mais marcantes desse assunto em 2023.

Para esta conversa, o Bolha Crypto convidou Claudia Mancini, fundadora e editora-chefe do Blocknews.

BlackRock no mercado de ETF

Sem dúvida, a manchete de 2023, quando o assunto é ETF spot de Bitcoin, foi a entrada da BlackRock nesse universo. Esse entusiasmo foi visto, inclusive, no preço do BTC, que voltou a ser negociado acima de US$30.000.

BC: Mas o que você acha que motivou essa decisão?

CM: A gente tem que lembrar, em primeiro lugar, que a BlackRock é uma gestora de recursos e ela é a maior gestora do mundo. De longe, a maior. Ela administra US$9 trilhões e isso é maior do que muitos PIBs por aí, inclusive o do Brasil. Então, o negócio da BlackRock é trazer lucro para os clientes dela e, portanto, para ela mesma. Ela procura oportunidades de investimento.

Conforme observado por Mancini, a BlackRock é uma grande conhecedora de ETFs, tendo esse produto no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, sendo uma das líderes desse mercado. Sendo assim, ela não entraria no universo de ETF spot do Bitcoin se não soubesse o que está fazendo.

CM: Então, estou dando esse pano de fundo para lembrar, a gente precisa saber quem é a BlackRock; ela é uma empresa feita para dar lucro para os investidores. Então, ela deve ter visto que aí vai ter lucro. 

Outro ponto destacado por Mancini foi a postura do CEO da BlackRock em relação ao Bitcoin e como ela mudou nos últimos anos.

CM: O CEO da BlackRock, que é o Larry Fink, uma das pessoas mais influentes do mundo, que conversa com presidentes, chefes de Estado e os maiores banqueiros do mundo, ele não era uma pessoa pró Bitcoin. Ele dizia que o mundo não precisa de uma nova moeda internacional e o Bitcoin também pode afetar o dólar. O negócio dele é baseado no dólar. Principalmente o negócio dele nos Estados Unidos, talvez a maior parte, senão uma grande parte, está ali. Mas ele mudou de ideia. Tanto que ele começou a negociar cripto junto com a Coinbase.

Além da mudança de postura de Fink, um dos pontos que pode ter feito a BlackRock esperar para entrar com seu pedido de ETF spot de Bitcoin foi a espera de uma consolidação da criptomoeda.

Mas por que um ETF spot e não de futuros?

CM: Por que ela foi para o ETF Spot? Bom, ela nunca explicou por que o Spot, ou pelo menos eu nunca vi uma explicação razoável por que Spot e não contrato futuro. Mas o fato é o seguinte: quando você faz um ETF de Bitcoin, você coloca a possibilidade dos investidores institucionais entrarem nisso. E aí é muito dinheiro. Existe uma conta nos Estados Unidos que esse dinheiro dos institucionais pode chegar a US$25 trilhões.

Mancini apontou que se você imaginar 1, 2% desse dinheiro indo para um Bitcoin Spot, é muito dinheiro. E a BlackRock é uma empresa confiável no mercado.

CM: Você não tem um track record ruim dela…

ETF da BlackRock pode acabar com o Bitcoin 

Arthur Hayes, ex-CEO da BitMEX, compartilhou uma perspectiva sobre a possível aprovação de um ETF spot de Bitcoin, com foco especial no papel da BlackRock nesse contexto. O empresário expressou preocupações quanto à possibilidade de que, caso o produto atinja dimensões excessivas, isso possa comprometer a própria existência do BTC.

Hayes ressalta que, em sua visão, o Bitcoin representa a antítese do dinheiro estatal, sendo concebido para capacitar indivíduos a enviar fundos globalmente. No entanto, o investidor levanta indagações sobre as implicações caso a maior parte da criptomoeda acabe sob a custódia de algumas poucas instituições.

De acordo com Hayes, gestores de ativos como a BlackRock desempenham efetivamente o papel de “agentes do estado”, agindo em conformidade com as orientações governamentais. Nesse contexto, ele sugere que essas entidades podem preferir manter o Bitcoin em ETFs, alinhando-se assim com os interesses do estado, especialmente no que diz respeito à tributação através da inflação e à gestão das crescentes dívidas.

BC: Você concorda com essa visão? Por quê?

CM: A opinião de Hayes, de que é uma questão que o estado pediu, não sei. A gente nunca vai saber isso. O que eu sei da BlackRock, e eu conheço a BlackRock, é que é uma empresa para buscar lucro para os investidores e para ela mesma. E onde ela tiver oportunidade, ela vai.

A expectativa em torno deste produto está correta?

Há uma grande expectativa para a aprovação de um ETF spot de Bitcoin em 10 de janeiro de 2024, e isso foi evidenciado em alguns picos nos primeiros dias deste ano. Por exemplo, no dia 2, como Mancini observou, pela esperança de que o parecer positivo da SEC poderia vir antes do dia 10, a criptomoeda primária teve um pico de alta.

BC: Mas qual deve ser mesmo o impacto da entrada da BlackRock e demais gestoras nesse universo?

CM: Eu acho que ele (ETF spot de Bitcoin) vai ter impacto porque estamos falando de compra direta de Bitcoin e não mais de um derivativo, como é o caso do ETF de futuros. Então, esse pessoal vai ter que ter Bitcoin na carteira para garantir essa operação, e isso certamente terá um impacto. Agora, se isso será rápido, se vai subir muito e continuar sempre subindo, ou se sobe quando anunciado, depois volta e depois sobe aos pouquinhos, a gente não sabe. Acho que tudo é uma grande especulação, na verdade. O mercado costuma ter uma frase que é “sobe no rumor e cai no fato, sobe no boato e cai no fato”, pode ser que nesse caso seja diferente, porque esse mercado também é diferente, mas sinceramente eu acho que não dá para saber o ritmo.

BC: Você acha que a presença da BlackRock e de outras gestoras pode prejudicar as exchanges de criptomoedas?

CM: Olha, a verdade é que as exchanges começaram como os grandes players desse mercado, tirando o P2P. Era ali que o pessoal sempre buscava fazer transações com cripto. Mas provavelmente as próprias exchanges já sabiam que uma hora isso ia mudar. Então, não é só uma questão da BlackRock entrar nesse mercado.

Mancini destacou a mudança que já estamos vendo no Brasil, com bancos entrando nesse mercado com sua base de clientes consolidada. Ela também acredita que o cenário pode mudar bastante na Europa com a chegada do Mica.

Por que mudou o mercado?

CM: Porque tem muita gente entrando e algumas exchanges estão ficando cada vez mais importantes. Talvez elas tenham mais capacidade de se manter no longo prazo. Então, você tem, por exemplo, a Liqi, cujo negócio é mais tokenização. Eles mesmos anunciaram que estão saindo porque o mercado mudou. Quando eu entrei era um, e agora percebi que é melhor eu fazer infraestrutura, porque conheço o mercado e o mercado vai precisar disso, especialmente com o real digital. Essa concorrência, portanto, com as exchanges, vai crescer. Não é só por causa da BlackRock, é por causa de todo mundo que vai entrar.

Finalizamos dizendo que aqui também aguardamos ansiosos pela aprovação do ETF spot de Bitcoin pela SEC.

Este é o nosso segundo capítulo da retrospectiva de 2023. Caso tenha perdido o primeiro, clique aqui e saiba como foi o desenrolar do caso Sam Bankman-Fried (SBF).

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