De acordo com a reportagem do The Journal, funcionários da FTX fizeram uma descoberta interessante em maio de 2022, meses antes do colapso da exchange de criptomoedas. Eles encontraram uma conexão backdoor entre a FTX e a Alameda Research, empresa comercial irmã controlada por Sam Bankman-Fried.
Essa conexão permitia que a Alameda levantasse fundos de consumo e mantivesse saldos negativos de até US$65 bilhões, enquanto os clientes comuns não tinham permissão para ter saldos negativos em suas contas.
A importância dessa descoberta não passou despercebida pelos funcionários da FTX, que prontamente a comunicaram a um líder sênior. No entanto, apesar das afirmações de que o recurso havia sido removido, The Journal concluiu que ele ainda estava em vigor.
Além disso, as alegações apresentadas pelo Ministério Público dos Estados Unidos afirmam que Bankman-Fried se apropriou indevidamente de bilhões de dólares em fundos de clientes para benefício pessoal, um fato que só veio à tona após o colapso da FTX. O procurador assistente dos EUA, Thane Rehn, caracterizou o sucesso aparente da exchange cripto como “baseado em mentiras”.
Em sua defesa, o advogado de Bankman-Fried argumenta contra a representação de seu cliente como um “vilão de desenho animado” e enfatiza que o fracasso da empresa pode ser atribuído principalmente ao ambiente de alto risco da indústria das criptomoedas. Já o principal advogado de defesa, Mark Cohen, afirmou que administrar uma empresa não é, por si só, um crime.
Mais detalhes sobre o julgamento de Bankman-Fried
Testemunhas chave já prestaram depoimento, fornecendo informações importantes sobre o impacto do colapso da FTX nos clientes e esclarecendo as operações internas. Um usuário da empresa falida, Marc-Antoine Julliard, testemunhou que confiava inicialmente nas garantias de Bankman-Fried e não tentou retirar seus fundos antes que a plataforma desmoronasse.
Adam Yedidia, ex-funcionário da FTX e colega de faculdade de Bankman-Fried, renunciou após descobrir que os fundos dos clientes estavam sendo usados para pagar credores na Alameda.
O julgamento promete continuar com testemunhas de destaque, como Gary Wang, um executivo sênior da FTX que está cooperando com os promotores.
A LedgerX, empresa que adquiriu a FTX, conduziu uma investigação interna em resposta às alegações e não encontrou evidências de que seus funcionários tinham conhecimento de qualquer código que permitisse à Alameda acessar os ativos dos clientes da plataforma cripto.