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Projetos Layer 3 podem ser a próxima estrela do mercado de touros?

Projetos Layer 3 podem ser a próxima estrela do mercado de touros?

Na busca por encontrar o próximo alpha do mercado em alta das criptomoedas, deparei-me com o conceito Layer 3. Embora pouco comentado no cenário cripto brasileiro, essa pode ser uma tendência muito forte na corrida de touros que estamos esperando para os meses seguintes ao halving do Bitcoin (BTC) em 2024.

Projetos Layer 2, como Polygon (MATIC), Arbitrum (ARB) e Optimism (OP), ganharam muita atenção por ajudarem a trazer mais escalabilidade para a rede Ethereum (ETH), mas o que podemos esperar para os protocolos Layer 3? Afinal, o que é essa tecnologia? Para aprofundarmos, é preciso falar um pouco sobre Layer 1 e Layer 2 em primeiro lugar.

Layer 1: o princípio

A Layer 1 nada mais é do que a blockchain principal de uma criptomoeda. Nessa camada, estão os protocolos e tecnologias fundamentais responsáveis por manter o funcionamento da rede e garantir a segurança e a descentralização das transações.

No geral, protocolos Layer 1, como o Bitcoin e o Ethereum, possuem um modelo de consenso que define as regras para validar e confirmar transações e a criação de novas criptomoedas. Além disso, a Layer 1 pode possuir recursos de contratos inteligentes, que permitem a execução de acordos digitais de forma automática e transparente.

A Layer 1 é considerada a mais segura no mercado de criptomoedas. Afinal, ela é a blockchain principal, responsável pela segurança e imutabilidade das transações, através de protocolos de consenso, como proof of work (PoW) e proof of stake (PoS). Além disso, a Layer 1 costuma ter um nível de descentralização maior do que as demais camadas da indústria cripto.

No entanto, nem tudo é perfeito. A Layer 1 possui problemas de escalabilidade, baixa velocidade de transações, custo elevado de transferências e limitações de recursos. Tudo isso, somado à falta de experiência do usuário no mercado de criptomoedas, impede que esses protocolos alcancem um grande público, tornando o meio cripto muito nichado. Para ajudar nisso, surgiram as Layer 2.

Layer 2: o avanço

A Layer 2 é uma solução de escalabilidade construída em cima da Layer 1 existente. Seu objetivo é aliviar a carga da rede principal, permitindo que mais transações sejam processadas de forma eficiente e rápida.

Existem várias abordagens para implementar a Layer 2. Alguns exemplos são as soluções de pagamento, como a Lightning Network (LN), que permite realizar transações instantâneas e de baixo custo fora da blockchain principal. Outras soluções de Layer 2 são as sidechains. Essas blockchains independentes conectam-se à blockchain principal para delegar algumas transações e o processamento fora da rede base.

Os protocolos Layer 2 levam o Bitcoin e o Ethereum a um patamar maior de usabilidade, melhorando a escalabilidade das principais criptomoedas, reduzindo o congestionamento na rede principal e permitindo uma maior capacidade de transações.

No entanto, eles acabam não sendo tão seguros. Como os protocolos Layer 2 precisam utilizar canais fora da blockchain para validar transações, eles ficam suscetíveis a falhas de segurança, têm maior centralização e correm o risco de vulnerabilidades em qualquer parte dessa implementação.

Mas será que a Layer 3 consegue resolver isso?

A resposta curta é não. Mas para entender melhor, vamos explorar o conceito da Layer 3 e apontar quais são seus benefícios e por que os protocolos dessa área podem ser o grande destaque na corrida de touros.

A Layer 3 é uma camada adicional construída sobre a Layer 2. Seu principal objetivo no mercado de criptomoedas é oferecer recursos aprimorados de escalabilidade e personalização para aplicativos descentralizados (dApps). Ou seja, ela vai além da simples escalabilidade da Layer 2, proporcionando recursos como hiperescalabilidade, maior privacidade e controle avançado para os designers de aplicativos.

Uma das principais vantagens da Layer 3 é a interoperabilidade mais fácil e econômica entre diferentes camadas e redes. Com isso, aplicativos desenvolvidos na Layer 3 podem se comunicar e interagir com aplicativos em outras camadas, criando um ecossistema mais integrado e dinâmico.

Além disso, nessa camada, os desenvolvedores têm a oportunidade de criar projetos personalizados que os Layer 2 não conseguem alcançar facilmente, principalmente no que diz respeito à execução de baixo custo e funcionalidades de preservação da privacidade.

Os protocolos Layer 3 também visam aumentar a velocidade de processamento e a escalabilidade de aplicativos únicos, pois não precisam compartilhar circuitos ZK (Zero Knowledge) com outros aplicativos dentro de uma única chain.

A arquitetura multichain do Ethereum foi proposta pela equipe StarkWare, sendo que a Layer 2 atual é utilizada para o dimensionamento de uso geral, enquanto a Layer 3 é responsável pelo dimensionamento personalizado. Por exemplo, uma Layer 3 pode adotar circuitos customizados, dependendo da demanda de um aplicativo descentralizado específico, resultando em um melhor desempenho.

Outro exemplo é o Validium, que atua como uma Layer 3, proporcionando maior taxa de transferência a um custo relativamente baixo para aplicativos descentralizados, evitando o envio de dados compactados para a Layer 1 e utilizando validadores para proteger os ativos digitais.

Na visão do fundador do Ethereum, Vitalik Buterin, a Layer 3 tem o objetivo final de proporcionar uma experiência mais eficiente e amigável para aplicativos e transações descentralizadas nas redes blockchain. Ele vê a personalização da Layer 3 sendo muito funcional para compactação de dados especializados e sistemas avançados de privacidade.

No entanto, uma dificuldade que a Layer 3 precisa enfrentar é a falta de infraestrutura padronizada, pois está construída sobre a Layer 2. A ausência dessa padronização pode limitar o potencial das Layer 3 e dificultar a criação de aplicativos com base nessas camadas.

Outro desafio é o desenvolvimento da tecnologia ZK-rollup, que é a base para as Layer 3. Os ZK-rollups têm potencial para melhorar significativamente a eficiência e a escalabilidade desses protocolos, mas ainda há trabalho a ser feito para otimizar essa tecnologia e torná-la mais acessível aos desenvolvedores.

Falando com especialista

Para falar sobre o conceito de Layer 3, o Bolha Crypto convidou Vinicius Terranova, que é um venture capital, conselheiro de projetos e parceiro da XP. Terranova está presente no mercado de criptomoedas desde 2011 e já investiu capital em projetos relevantes, como Polygon e Chainlink (LINK).

O especialista enxerga as Layer 3 como uma forma de aumentar a velocidade e diminuir os custos que as aplicações têm ao interagir com a blockchain.

“A blockchain é famosa por ser uma tecnologia muito segura, porém, outra fama que ela tem é de ser uma tecnologia lenta. Então, quando nós criamos o que, na minha opinião, vai ser uma nova narrativa, as application based chains, que são as blockchains customizadas para aplicações, a gente finalmente tem a possibilidade de ter alguns negócios atuando dentro das blockchains já existentes”.

Conforme observado pelo investidor, não há necessidade de criar uma blockchain só para uma aplicação com toda uma equipe, se você já tem algo modular com o qual pode trabalhar.

“Se a gente vê, por exemplo, a Celestia, ela pode atuar tanto como Layer 2 quanto como Layer 3. Isso porque ela é uma blockchain modular. Ela entrega a você somente o que você precisa. A AltLayer vai além. Ela entrega algumas blockchains prontas para você utilizar em determinadas aplicações. Ela inclusive entrega flash chains, que são blockchains que existem por um curto período só para poder fazer a consolidação de informações”.

Nesse sentido, Terranova acredita que, se as Layer 3 realmente entregarem aquilo que a gente espera que elas entreguem, a tecnologia blockchain será muito mais adotada no mundo inteiro, porque finalmente nós teremos algo com custo menor.

Mas a segurança da Layer 3 não é algo digno de aplausos

“A diferença entre a Layer 3 e a Layer 2 é que a Layer 3 tem menos segurança, assim como a Layer 2 tem menos segurança do que a Layer 1. Quanto mais você vai abstraindo, adicionando mais camadas para abstrair a necessidade de segurança em troca de velocidade, você realmente vai precisar da Layer 2 e da Layer 1 para te entregar essa camada que você não tem”.

Terranova ainda ressaltou que, nesse cenário, podemos esperar que a Layer 3 seja utilizada para tecnologias que não demandem tanta segurança, como a consolidação de informações simples, enquanto a Layer 1 e a Layer 2 são mais utilizadas para dados mais críticos.

“O importante é que a gente tem alguma utilidade para cada camada. Não tem motivo para você utilizar a Layer 3 para coisas que você faz na Layer 1”.

Segundo o estrategista, a Layer 3 pode ter inclusive mecanismos de consenso menos seguros.

“Se ela trabalha com uma camada de segurança baixa, dependendo de como você montar a sua rede, vai ter segurança suficiente abaixo dela e, assim, você consegue trabalhar com muitos dados em altíssima velocidade”.

Um dos projetos Layer 3 para vocês começarem a estudar é o AltLayer.

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