Não é apenas em relação ao seu preço que a Cardano (ADA) está enfrentando problemas. Isso porque já faz algum tempo que o processamento de transações na rede da altcoin está muito próximo de sua capacidade de processamento. Para exemplificar, no início deste mês, Sebastien Guillemot, um desenvolvedor da concorrente do Ethereum (ETH), foi ao Twitter para abordar preocupações em relação a essa situação.
Na época, a carga da Cardano ficou em 94%. De acordo com o desenvolvedor, todas as transações na rede foram processadas seguindo a ordem de chegada. No entanto, quando a capacidade atingia 100%, as transações eram enfileiradas, resultando em um tempo de espera para os usuários até que suas transações fossem concluídas.
Além disso, quando a capacidade atinge 100%, outra consequência é que os pools de participação podem oferecer acesso prioritário a usuários e aplicativos descentralizados (dApps), podendo até chegar ao ponto de priorizar um DEX em detrimento de outro.
Apesar das declarações de Charles Hoskinson sobre a possibilidade teórica da rede Cardano lidar com até um milhão de transações por segundo (TPS), a realidade está demonstrando uma situação bem diferente.
Atualmente, os problemas seguem com os usuários experimentando atrasos, com algumas transações em exchanges descentralizadas baseadas em Cardano levando até 30 minutos para serem concluídas. Sem dúvida, um grande contratempo para a plataforma de contratos inteligentes que está começando a crescer no mundo das finanças descentralizadas (DeFi). Afinal, a velocidade de processamento de transações é um fator-chave para o sucesso de uma blockchain.
Embaixador da Cardano fala sobre esse momento
Marcus Vinicius, embaixador da Cardano no Brasil, comentou o ocorrido com o Bolha Crypto. Ele destacou que, como a criptomoeda possui muitas carteiras leves, é possível que sua transação nessa fila nunca seja efetivada. Isso porque cada carteira leve tem um limite de mempool.
“Por exemplo, se uma carteira tem a capacidade de 10.000 transações e a sua é a 10.001, ela está fora da capacidade da carteira leve… isso vai resultar em sua transação nunca entrar na fila e nem na blockchain. Por outro lado, essa transação não vai causar gastos de taxa”, complementou.
Conforme observado por Vinicius, essa não é a primeira vez que a Cardano enfrenta esse dilema, pois a altcoin passou muito tempo sem ter utilidade na rede. Logo após o fork Mary, os tokens nativos chegaram na plataforma de contratos inteligentes e NFTs começaram a ser transacionados na mesma. Como resultado, houve um aumento na demanda da rede da ADA.
Entre julho e novembro de 2021, a rede da Cardano ficou muito saturada em relação à escalabilidade. Sendo assim, filas de transações e operadores de nodes já priorizaram certas transferências. Por isso, a IOG começou a fazer atualizações no protocolo para aumentar a escalabilidade.
“A Cardano teve vários aumentos de blocos. Recentemente, ela também viu uma divisão melhor do bloco para comportar mais scripts de lógica arbitrária (contratos inteligentes)”.
O que fazer nesse cenário?
Guillemot explicou que a Cardano já implementou uma parte importante de suas melhorias de escalabilidade e que há mais upgrades a caminho. Além disso, ele mencionou várias estratégias para tornar a rede da ADA ainda mais escalável, como aumentar o tamanho dos blocos, incentivar aplicativos descentralizados a migrarem para a plataforma Plutus V2 de contratos inteligentes, algo que o embaixador da Cardano no Brasil concorda, e implementar taxas escaláveis para criar um mercado adequado na própria blockchain.
Outro ponto abordado pelo desenvolvedor é o uso de sidechains, soluções Layer 2 e uma camada de disponibilidade de dados (DA) para aliviar o tráfego da rede principal da criptomoeda. Segundo Guillemot, a possibilidade de adotar o Input Endorsers e outras plataformas alternativas de contratos inteligentes, como Aiken, para melhorar a capacidade da rede não devem ser descartadas.
Em alternativa a DEX na rede da Cardano, alguns investidores da altcoin estão sugerindo uma mudança para a MuesliSwap, pois ela tem conseguido manter velocidades de transação rápidas, oferecendo um serviço mais eficiente e amigável em meio aos problemas enfrentados pela altcoin.
É importante destacar que o acontecimento em questão não se limita a uma exchange específica, mas sim à rede na qual ela está inserida. Assim sendo, mesmo que os usuários estejam migrando para a MuesliSwap devido à sua velocidade, o desafio persiste a nível da rede e requer resolução.
