Nas últimas 24 horas, o mercado de criptomoedas passou por uma recuperação, com alta de 1,64%. Como resultado, o bitcoin (BTC) voltou a ser negociado acima de US$20.500. Contudo, duas das principais stablecoins da indústria blockchain foram na contramão. USDC e DAI tiveram uma queda digna de altcoins e estão sendo negociadas a US$0,90 no momento da escrita do artigo.
O USDC, o segundo maior ativo estável do mercado e considerado uma stablecoin mais segura que o USDT por muitos, viu seu peg com o dólar americano cair 9%. Com essa grande volatilidade, o volume de negociação de 24 horas da stablecoin registrou um aumento de 321%.
A DAI, uma stablecoin classificada como descentralizada e confiável, segue o mesmo caminho de crise com uma queda de 7,40% enquanto este artigo é escrito. O volume de negociação dela no último dia aumentou 841,50%, segundo os dados do CoinMarketCap.
O que fez com que o USDC e o DAI caíssem tanto assim?
A emissora do USDC, a Circle, afirmou que o Silicon Valley Bank (SVB) é um de seus seis parceiros bancários, sendo assim, é responsável por administrar 25% das reservas da stablecoin mantidas em dinheiro.
Além disso, a empresa divulgou que US$3,3 bilhões dos US$40 bilhões de reservas do USDC permanecem no SVB. Esse número supera em muito as expectativas de US$1 bilhão. De acordo com a estimativa de prejuízo de 40%, a perda da Circle pode chegar a US$1.2 bilhão.
Já o DAI, stablecoin da MakerDAO, é parcialmente apoiado pelo USDC. Com os temores de que uma parte das reservas de caixa da Circle possa estar trancada no colapso do Silicon Valley Bank, é natural que a stablecoin corrija.
Em outubro de 2022, a governança da MakerDAO realizou uma votação que favoreceu a custódia de US$1.6 bilhão de DAI com a Coinbase Prime. Isso também contribuiu para que a stablecoin tenha uma grande garantia no ativo estável centralizado da Circle. Afinal, o USDC representa um terço do tesouro que apoia o Módulo de Estabilidade Peg, que permite aos usuários depositar garantias no DAI.
E o Silicon Valley Bank?
O Silicon Valley Bank foi criado em 1983 e veio com o intuito de apoiar o setor de tecnologia. Contudo, o SVB precisou encerrar suas atividades e boa parte de suas falência pode estar relacionada com o aumento da taxa de juros lá nos Estados Unidos. Conforme observado no ano passado, o Federal Reserve focou em conter a inflação mexendo nessa área, algo que impactou o setor tecnológico e ativos de risco.
A instituição financeira havia realizado uma série de investimentos no Tesouro dos EUA e em títulos de dívida pública ligados ao governo. Com o aumento da taxa de juros, os valores desses títulos foram caindo, e o banco acabou vendendo diversos títulos com prejuízo.
A queda do SVB foi a segunda maior falência bancária dos EUA desde a crise de 2008. Isso porque o banco possuía cerca de US$209 bilhões em ativos até o final de 2022, o que o tornava o 16º maior banco americano. Contudo, é provável que a queda do Silicon Valley Bank não seja um efeito cascata, como ocorreu há 15 anos, mas mesmo assim bancos pequenos podem ser atingidos nos próximos dias.