Um dos pontos mais levantados sobre a chegada do The Merge é a centralização do Ethereum (ETH). O modelo de consenso proof of stake é visto como um dos mais centralizadores, pois para que o mesmo seja realizado, depende de tokens trancados em carteira.
Nesse sentido, quanto mais tokens você possui, maiores são as chances de ser um validador da rede e ser recompensado por isso. Com os anos, os projetos vêm buscando deixar esse setor mais atraente e aberto para investidores do varejo.
Sendo assim, investimentos baixos são possíveis para realizar staking de criptomoedas como a Cardano (ADA), por exemplo. No entanto, o mesmo não se pode dizer em relação ao Ethereum.
Para ser um validador da rede da altcoin, é necessário que o investidor desembolse 32 unidades de ether. Na cotação do ETH, no momento da escrita do artigo, essa quantia seria de US$54.400.
Com um valor de entrada tão alto, é natural que surjam plataformas que facilitem para que investidores varejo possam participar do Ethereum 2.0, mas também é uma forma de impulsionar que exchanges concentrem ETH.
64% do Ethereum está nas mãos de cinco empresas
De acordo com o relatório da Nansen, apenas cinco entidades detêm 64% do Ether. A plataforma de análise de blockchain destacou que 1% do total de ETH circulante está em staking. Desse total, 65% líquido e 35% ilíquido.
Dentre as empresas que mais possuem ETH, as exchanges Coinbase, Kraken e Binance lideram a lista nesta categoria.
No entanto, o grande campeão é a Lido DAO.
Em resumo, a Lido é uma solução de staking líquida para Ethereum. Ela permite que os investidores apostem seus ETH, mas sem a exigência de 32 unidades. Além disso, para utilizar a Lido não é necessário pagar taxa de infraestrutura.
A plataforma também se destaca por permitir que seus usuários possam realizar atividades on-chain em redes DeFi.
Com todas essas características, Lido conseguiu superar as exchanges de criptomoedas e deter 31% do staking do ETH. Só para se ter uma ideia dessa dimensão, os validadores possuem apenas 23% do Ethereum em staking.
Mas toda essa centralização de ETH na Lido não é motivo para preocupação?
Conforme observado pelo relatório da Nansen, a Lido precisa ser, de fato, descentralizada para que possa permanecer resistente à censura. Isso porque, segundo os dados on-chain, o token da plataforma, LDO, está concentrado nas carteiras de pequenos grupos.
O LDO sendo um token de governança, pode colocar a plataforma de origem com um grande risco de censura.
“Por exemplo, os 9 principais endereços (exceto tesouraria) detêm aproximadamente 46% do poder de governança, e um pequeno número de endereços normalmente domina as propostas. As apostas para a descentralização adequada são muito altas para uma entidade com uma participação majoritária potencial de ETH apostada”.
Contudo, é importante apontar que a comunidade vem buscando formas de trazer uma descentralização para esse fator. Uma delas é a governança dupla. Segundo o site da Lido, essa governança funcionaria da seguinte forma:
- Os titulares de LDO ainda podem propor e votar da mesma forma que antes.
- Um timelock é adicionado entre a passagem de votos LDO e a execução ( LDO execution timelock).
- Por padrão, a governança do Lido está no estado global onde, após um timelock, qualquer votação LDO bem-sucedida pode ser executada ( estado normal ).
- No entanto, um quórum de detentores de stETH pode aplicar um veto, mudando a governança do Lido para o estado adversário, onde nenhum voto LDO pode ser executado, a menos que seja especificamente não vetado ( estado de veto ).
*O token stETH combina o valor do seu depósito inicial mais recompensas de staking que se acumulam diariamente e pode ser usado como se fosse o ether. Sendo assim, permite que seus detentores ganhem rendimentos de staking Eth2, além de recompensas através de plataformas integradas como Curve e SushiSwap.
LEIA TAMBÉM: Arthur Hayes: Ethereum (ETH) pode chegar a US$3.000 até o final de 2022