Durante a sessão de negociações desta segunda-feira, a Coinbase viveu um momento marcante, impulsionado pelo desempenho extraordinário do Bitcoin no fim de semana anterior, que atingiu um novo recorde histórico de preço. Esse cenário levou as ações da plataforma de criptoativos a atingirem a máxima de US$ 398,50 durante o dia, encerrando o pregão cotadas a US$ 394,01 — alta de 1,8%. Com esse resultado, a capitalização de mercado da empresa chegou a US$ 100,36 bilhões, a maior já registrada desde sua fundação.
Esse crescimento acelerado é parte de uma trajetória mais ampla que vem sendo construída ao longo dos últimos meses. As ações da Coinbase acumulam valorização de 50% apenas no último mês, reflexo do bem-sucedido IPO da Circle Internet Group e de recentes avanços regulatórios favoráveis ao setor nos Estados Unidos. Além disso, no dia 19 de maio, a Coinbase passou a integrar oficialmente o índice S&P 500, tornando-se a primeira empresa com foco em criptomoedas a alcançar esse reconhecimento. Tal inclusão simboliza uma guinada importante na forma como o mercado financeiro tradicional encara as empresas do setor cripto.
A recuperação da Coinbase também é evidenciada por outro marco relevante: no dia 26 de junho, seus papéis fecharam a US$ 375,07, superando o antigo pico de US$ 357,39 registrado em novembro de 2021 — período próximo à sua entrada na bolsa por meio de listagem direta. Desde o fundo histórico atingido no final de 2022, quando a falência da FTX abalou a confiança no mercado cripto, as ações da empresa já subiram mais de 1.000%.
Entre os fatores que explicam essa escalada estão não apenas a recuperação dos preços das criptomoedas, mas também o fortalecimento de apoios políticos relevantes. O ex-presidente Donald Trump, por exemplo, assumiu uma postura aberta e favorável ao setor, ampliando a aceitação da tecnologia em Washington. Outro avanço decisivo veio com a aprovação, no Senado americano, de uma legislação voltada a stablecoins lastreadas no dólar — vistas como alternativa promissora para pagamentos digitais. Para o analista Mark Palmer, da Benchmark, esse tipo de criptoativo deve representar uma nova fonte de receitas sustentáveis para a Coinbase, diminuindo sua dependência do volume de negociações, que enfrenta crescente concorrência.
De fato, no primeiro trimestre do ano, a empresa contabilizou US$ 772 milhões em receitas que não vieram de transações, evidenciando a diversificação de suas fontes de faturamento. Parte dessa nova fase também inclui estratégias voltadas ao marketing digital, como a contratação recente de AlexOnchain, figura popular nas redes sociais.
Matt Hougan, diretor de investimentos da Bitwise, já havia antecipado o potencial de valorização da Coinbase. Em 13 de maio, ele publicou no X (antigo Twitter) uma análise em que sugeria que os investidores escolhessem empresas avaliadas em menos de US$ 100 bilhões, mas com potencial de ultrapassar US$ 1 trilhão — e apontou a Coinbase, então avaliada em US$ 61 bilhões, como exemplo. Para Hougan, esse patamar trilionário não é apenas possível, mas provável no horizonte da exchange.