Em um movimento incomum para o mercado brasileiro, as ações da gigante varejista Americanas despencaram quase 80% na bolsa de valores na última quinta-feira (12). Ao fim do pregão de ontem, o ativo registrava queda de 77,33%.
O motivo da implosão do ativo foi um comunicado da empresa que revelou “inconsistências em lançamentos contábeis” no seu balanço. O rombo encontrado gira em torno de R$ 20 bilhões.
Em uma investigação interna, o setor contábil identificou a existência de operações de financiamento de compras nas quais a Americanas é devedora perante instituições financeiras.
Essas operações, segundo a contabilidade, não se encontram adequadamente refletidas na conta “fornecedores” nas demonstrações financeiras de 30 de setembro do ano passado.
Um comitê independente foi criado para apurar as circunstâncias que ocasionaram as inconsistências contábeis.
A princípio, a companhia afirma que “o efeito caixa dessas inconsistências é imaterial”, ou seja, o rombo teria apenas um efeito contábil, e não financeiro.
“A Americanas vem comunicar aos seus acionistas e ao mercado em geral que foram detectadas inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o exercício de 2022″, disse a empresa no comunicado.
“Numa análise preliminar, a área contábil da Companhia estima que os valores das inconsistências sejam da dimensão de R$ 20 bilhões na data-base de 30/09/2022. A Companhia estima que o efeito caixa dessas inconsistências seja imaterial”, conclui a empresa.
Maior tombo desde 2008
De acordo com um levantamento realizado pelo TradeMap, o tombo nas ações da Americanas foi a maior queda em um único dia de uma empresa de capital aberto desde 2008.
Há exatos 15 anos atrás, a Agar Incorporadora (AGIN3), despencou 81,55%, em 6 de outubro de 2008. No mesmo ano, a Hércules (HETA3) teve queda de 78%, em 22 de setembro.
O levantamento ainda revela que o rombo de R$ 20 bilhões da Americanas é equivalente ao valor total de mercado da Magazine Luiza, que hoje vale cerca de R$ 20,20 bilhões.
CEO deixa o cargo
No mesmo comunicado divulgado na noite da última quarta-feira (11), a Americanas informou que o seu presidente, Sergio Rial, decidiu deixar o cargo que havia assumido a apenas 9 dias.
No embalo, André Covre, diretor de relações com investidores, também está deixando a empresa essa semana.
O jornal O Globo divulgou na manhã desta sexta-feira (13) que diretores venderam mais de R$ 210 milhões em ações das Americanas no segundo semestre de 2022.
Segundo a publicação, a venda de ações pode indicar que sócios majoritários da Americanas tinham alguma noção do que estava acontecendo na empresa.