Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, fez duras críticas ao que chamou de “politização destrutiva” do sistema judiciário sob a administração Biden, enquanto se posicionava para buscar um perdão de Donald Trump. A declaração foi dada em sua primeira entrevista desde que foi preso, em 18 de fevereiro, no Centro de Detenção Metropolitano de Brooklyn, Nova York, onde cumpre uma sentença de 25 anos por um dos maiores esquemas de fraude em criptomoedas.
No extenso bate-papo com o New York Sun, Bankman-Fried falou sobre sua percepção do caso, sugerindo que ele fazia parte de um fenômeno maior de “excesso de atuação processual” no governo Biden. O tom da entrevista coincidiu com o momento em que a FTX começou a devolver os fundos aos clientes. Contudo, algumas críticas apontam que os reembolsos foram baseados nos valores em criptomoedas de 2022, quando o mercado estava em queda, e não nos preços atuais, mais altos.
Esse episódio se deu logo após a decisão de Trump de conceder um perdão a Ross Ulbricht, figura proeminente no mundo das criptomoedas, o que alimentou ainda mais o cenário político de conexões entre o setor e o ex-presidente. Além disso, Bankman-Fried também comentou sobre os esforços de seus pais, Joseph Bankman e Barbara Fried, para buscar clemência em nome do filho, numa tentativa de apoio político durante os dias turbulentos do governo Trump.
A entrevista trouxe à tona a visão de Bankman-Fried sobre o governo Biden, no qual afirmou que sua insatisfação com a administração democrata havia se intensificado em 2022. O ex-fundador da FTX disse ter se frustrado profundamente com a postura do Partido Democrata, destacando que o Partido Republicano, naquele momento, lhe parecia mais razoável em suas abordagens políticas. Bankman-Fried refletiu ainda sobre sua mudança de visão ideológica, comparando sua posição anterior como mais “Centro-Esquerda” e destacando que, após os acontecimentos recentes, não se via mais dessa maneira. Ele mencionou também que essa “mudança de vibe” poderia ser vista em outros grandes nomes do setor de tecnologia, como Marc Zuckerberg e Marc Andreessen, que, assim como ele, se aproximaram de Trump após uma maior frustração com o Partido Democrata.
A crítica a juízes e promotores também foi presente na entrevista. Bankman-Fried sugeriu que tanto ele quanto Trump compartilham inimigos comuns no sistema judiciário, como o juiz Lewis Kaplan, responsável pelo caso FTX, e a procuradora federal Danielle Sassoon, que recentemente se afastou do Departamento de Justiça, após um conflito com a administração Trump. O caso de Sassoon levantou questões sobre pressões políticas no Judiciário, especialmente em relação a um possível “favorecimento” do prefeito de Nova York, Eric Adams.
Em 2020, Bankman-Fried havia sido o segundo maior doador para a campanha de Biden, com o intuito de evitar que o Partido Democrata se transformasse em um bastião de ideais socialistas, como os defendidos por Bernie Sanders. Apesar disso, o empresário não hesitou em mencionar que também havia feito contribuições significativas a candidatos republicanos, incluindo por meio de “dinheiro escuro”.
A entrevista revelou um Bankman-Fried mais crítico ao cenário político de seu tempo, agora distanciado da imagem que construiu no passado como um apoiador do centro-esquerda, refletindo sobre a transição política que muitos no setor de tecnologia vivenciaram, ao se afastarem do lado mais progressista para apoiar posturas mais conservadoras.
