O mercado de Bitcoin acaba de atingir um marco impressionante: os lucros não realizados dos investidores alcançaram US$ 1,41 trilhão, segundo dados divulgados pela plataforma de análise on-chain Glassnode. Esse valor representa o maior nível de ganhos não realizados já registrado na história do ativo digital, superando o pico anterior de US$ 1,3 trilhão observado em novembro de 2024.
Esse acúmulo de ganhos “no papel” levanta a possibilidade de que uma nova pressão de venda se aproxime, caso os preços continuem subindo. A própria Glassnode destacou que o percentual de lucros não realizados em relação ao valor de mercado do Bitcoin ultrapassou a banda de +2σ, um patamar frequentemente associado a períodos de euforia do mercado — como nos topos históricos anteriores. Nessas fases, é comum que os investidores realizem lucros, provocando correções de preço.
Apesar disso, a maior parte do fornecimento de BTC ainda está nas mãos de detentores de longo prazo, que controlam cerca de 53% da oferta total, mesmo após recentes distribuições. Segundo o levantamento, mais de 223 mil BTC migraram desses detentores para mãos de curto prazo nos últimos 30 dias, o que sinaliza mudanças na dinâmica do mercado e sugere uma possível retomada na movimentação desses ativos.
Contudo, nem todos os especialistas acreditam que esse recorde de lucro não realizado seja suficiente para desencadear uma onda vendedora no curto prazo. O analista Rezo, por exemplo, ressalta que o índice MVRV (relação entre o preço de mercado e o preço realizado) está em 2,26 — muito abaixo dos níveis de topo observados em ciclos anteriores, que superaram 3,7. Ele argumenta que a fase atual ainda está distante de um ponto crítico de distribuição.
Rezo complementa dizendo que, em 2017 e 2021, os detentores de longo prazo viram seus ativos multiplicarem até 12 vezes antes do início de grandes liquidações. Na sua visão, o atual cenário ainda não apresenta condições semelhantes.
Por outro lado, há quem questione a eficácia de se basear exclusivamente nos padrões anteriores. O analista on-chain Barış Kardeş alerta que confiar excessivamente nos picos históricos pode levar os investidores a um falso sentimento de segurança — um erro que, segundo ele, se repetiu em 2021.
Vale destacar que, mesmo diante de uma recente liquidação de 80 mil BTC ocorrida no fim de semana, o preço da criptomoeda demonstrou resiliência, sem grandes oscilações negativas. Isso indica uma forte capacidade de absorção de vendas por parte do mercado.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o avanço da adoção de criptoativos também tem ganhado destaque, apesar do desempenho modesto do Bitcoin nas últimas 24 horas. Recentemente, o governo norte-americano divulgou seu primeiro relatório sobre ativos digitais, em resposta a uma ordem executiva do presidente Donald Trump. O documento destaca planos para expandir as reservas estratégicas de BTC do país.
A secretária do Tesouro, Scott Bessent, tem se posicionado de forma favorável ao setor. Ela publicou vídeos apoiando o uso de criptomoedas e assinou um artigo de opinião no Washington Post intitulado Roteiro para tornar os EUA uma superpotência cripto.
Somado a isso, a SEC aprovou recentemente o modelo de criação e resgate in-kind para os ETFs à vista de Bitcoin e Ethereum. Apesar da importância do movimento, o BTC não respondeu com alta expressiva, o que especialistas atribuem a uma fase de resfriamento no mercado futuro, após um recente superaquecimento — conforme aponta o CryptoQuant.
No fim das contas, enquanto o lucro não realizado dos investidores alcança níveis sem precedentes e a adoção institucional avança, o debate sobre estarmos próximos ou não de um novo topo de ciclo segue em aberto.
