Após uma valorização superior a 9% nesta semana, o Bitcoin (BTC USD) ultrapassou a marca histórica dos US$ 118 mil, renovando seu recorde de preço e chamando atenção para os fatores que impulsionaram esse movimento. Três elementos principais ajudaram a sustentar essa trajetória de alta, com destaque para mudanças na dinâmica de oferta, movimentos estratégicos das baleias e forte entrada de capital institucional por meio dos ETFs.
Apesar das manchetes apontarem que todos os holders estavam operando no lucro, o que poderia sugerir um movimento natural de realização de lucros, os dados mostram o contrário: a pressão de venda se manteve baixa.
A principal explicação reside na queda acentuada das reservas de Bitcoin nas exchanges, que atingiram níveis abaixo de 2,4 milhões de moedas, segundo a CryptoQuant. Mesmo com o BTC enfrentando resistência na faixa dos US$ 110 mil desde o fim de maio, o fluxo contínuo de saídas das corretoras indicava que o mercado caminhava para um rompimento — que, de fato, ocorreu.
As movimentações das chamadas baleias contribuíram significativamente para a dinâmica de alta. Inicialmente, grandes vendas à vista foram observadas no mercado spot, o que pode ter confundido investidores de varejo e sinalizado falsamente uma possível reversão. Contudo, em paralelo a essas vendas, as baleias adotaram posições agressivamente compradas no mercado de derivativos.
A partir do meio da semana, observou-se uma guinada: essas entidades de alto volume migraram para a acumulação robusta de BTC. O fluxo de vendas spot teve destaque na Binance, enquanto a atuação compradora foi mais forte na Coinbase. No entanto, análises recentes da CryptoQuant apontam que os próprios investidores institucionais da Binance foram os protagonistas da escalada mais recente.
Apesar disso, o mercado também testemunhou uma forte realização de lucros ao longo do movimento de alta, acompanhada de uma quantidade expressiva de posições vendidas. Dados da Coinglass mostram que, enquanto cerca de US$ 95 milhões em vendas spot foram registradas, o volume de posições compradas em derivativos alcançou US$ 8,8 bilhões, frente a US$ 2,2 bilhões em posições vendidas.
Esse desequilíbrio contribuiu para um evento clássico de “short squeeze”: mais de US$ 654 milhões em posições vendidas foram liquidadas nas últimas 24 horas, forçando traders em prejuízo a recomprar Bitcoin para cobrir suas perdas, o que impulsionou ainda mais o preço.
O terceiro pilar da atual disparada do BTC veio do setor institucional. Os fundos de índice lastreados em Bitcoin mantiveram um saldo positivo de captações ao longo dos últimos 30 dias, com apenas um dia de fluxo negativo registrado — em 1º de julho.
O destaque absoluto foi o desempenho no dia 10 de julho, quando os ETFs registraram entrada líquida de US$ 1,17 bilhão, a maior já observada em um único dia. O fundo da BlackRock liderou esse movimento com US$ 448,5 milhões em aportes. Essa movimentação institucional reforçou ainda mais o fôlego dos compradores, contribuindo para o rompimento do antigo teto histórico.
Além dos fatores técnicos e financeiros, rumores sobre a saída de Jerome Powell da presidência da SEC também podem ter influenciado o recente otimismo do mercado, criando um ambiente mais receptivo para ativos de risco como o Bitcoin.