Durante a conferência Bitcoin 2025, David Sacks, conselheiro sênior da Casa Branca, revelou que o governo dos Estados Unidos está estruturando um plano para acumular Bitcoin de forma estratégica. A proposta, segundo ele, não depende de novos impostos nem da emissão de dívida pública, pois será conduzida por meio de mecanismos orçamentários neutros.
Essa mudança marca uma ruptura com a postura anterior do governo, que por anos tratou o setor cripto com desconfiança e repressão regulatória. Antes, o foco era em ações de fiscalização, bloqueio de tokens não registrados e punições a plataformas de negociação — agora, o Bitcoin passa a ser tratado como um ativo de interesse nacional.
O ponto de partida dessa nova estratégia está no aproveitamento das reservas já em posse do governo, obtidas principalmente por meio de apreensões em grandes operações, como as que envolveram o caso Silk Road e o hack da Bitfinex.
Estima-se que mais de 200 mil BTC — atualmente avaliados em mais de 20 bilhões de dólares — estejam sob controle do Estado norte-americano. Diferentemente do que era feito até então, quando os ativos confiscados eram colocados à venda em leilões públicos, esses bitcoins passarão a ser retidos, servindo como base para a criação de uma “Reserva Estratégica de Bitcoin”.
Mas o plano vai além da simples retenção do que já foi apreendido. Uma ordem executiva assinada no início deste ano concedeu ao Departamento do Tesouro e ao Departamento de Comércio autorização para adquirir mais BTC, desde que os métodos de aquisição não envolvam aumento do déficit fiscal.
Isso pode incluir a realocação de fundos já disponíveis ou a troca por outros ativos digitais, o que abre caminho para que o governo continue expandindo suas reservas de Bitcoin de maneira contínua e sem impacto direto sobre os cofres públicos.
Para os investidores do mercado cripto, essa mudança de postura representa um indicativo claro de valorização. Ao reter grandes quantidades de Bitcoin e demonstrar disposição para adquirir mais, o governo dos EUA reduz a oferta circulante e fortalece a percepção de escassez — um fator que historicamente pressiona positivamente o preço do ativo.
Além disso, a legitimação do Bitcoin como reserva estatal pode influenciar outros setores da economia. Investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, que até então viam o Bitcoin com cautela, podem passar a considerar sua inclusão em carteiras de longo prazo.
A adoção por parte do governo federal pode funcionar como uma chancela de credibilidade, sinalizando que o Bitcoin já não é apenas uma especulação digital, mas um instrumento com valor estratégico no cenário financeiro global.