A chegada iminente de contratos futuros de XRP pela CME Group, prevista para o próximo mês, trouxe à tona discussões sobre os possíveis efeitos desse tipo de instrumento no mercado de criptoativos, inclusive para o Bitcoin.
Embora ainda dependa da aprovação regulatória, o lançamento já provoca comparações com um episódio marcante: quando a mesma CME introduziu contratos futuros de Bitcoin no fim de 2017 — movimento que coincidiu com o fim daquele ciclo de alta. O trader David Vallieres, atento aos paralelos históricos, fez questão de relembrar esse ponto. “Se você se recorda do lançamento dos futuros de BTC, fica o aviso”, alertou ele em uma publicação recente.
Mas o foco principal de Vallieres está mesmo no comportamento do próprio Bitcoin. Ele argumenta que a maior criptomoeda do mercado pode já ter atingido o ponto máximo do atual ciclo de valorização. Para embasar sua visão, ele recorre a padrões técnicos observados em ciclos anteriores, que, segundo ele, sempre terminaram em formações conhecidas como “duplo topo” ou “triplo topo”. O cenário atual, em sua análise, parece estar seguindo essa mesma trajetória.
Um olhar mais atento ao comportamento recente do BTC reforça essa hipótese. Em 17 de dezembro, o ativo atingiu uma alta de US$ 105.364, sofreu uma correção subsequente, e mais adiante renovou seu recorde histórico, alcançando os US$ 109.356. Apesar desse novo pico, Vallieres permanece cauteloso quanto à sustentabilidade da tendência. Hoje mais cedo, por exemplo, o Bitcoin chegou a ser negociado a US$ 93.868, mas recuou até o patamar de US$ 91.809 em poucas horas — movimentos que ele considera sinais de exaustão de alta, embora ainda não descarte a possibilidade de continuidade do rali no curto prazo.
Mesmo com sua análise contrariando o sentimento predominante no mercado, Vallieres reconhece que o clima entre investidores voltou a ser otimista. Um dos indicativos desse novo entusiasmo é o desempenho dos fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin, que registraram uma entrada de US$ 917 milhões apenas nesta quarta-feira. Somando os últimos quatro dias, o fluxo positivo ultrapassou US$ 2,3 bilhões.
Outro fator que impulsiona a percepção positiva é a redução da oferta de Bitcoin em corretoras — um fenômeno atribuído à crescente demanda institucional, especialmente por parte de empresas de capital aberto, conforme relatado pela Fidelity Digital Assets, braço da gigante Fidelity. No entanto, o próprio Vallieres pondera que essa métrica tem limitações e pode não refletir com precisão o comportamento real do mercado.
Embora suas observações não apontem necessariamente para o início de um mercado de baixa, Vallieres sugere que a atual euforia deve ser vista com cautela. Para ele, a história do Bitcoin está repleta de padrões que tendem a se repetir — e ignorar esses sinais pode ser um erro custoso para investidores desatentos.