Enquanto autoridades globais ainda lutam para conter o COVID-19, um esquema online tem lucrado em cima dos negacionistas. Pesquisadores da empresa de detecção de desinformação Logically descobriram uma rede de falsificações no Telegram que enganou pessoas anti-vacinas a gastarem até US$500 em bitcoins por certificados falsos de vacinação.
O golpe, que se estende desde pelo menos junho de 2022, fez 62 mil publicações, alcançou mais de 3 milhões de pessoas e lucrou mais de US$286,000 em criptomoedas, de acordo com a Logically.
O modus operandi envolve atrair anti-vacinas para a rede social X e direcionar as vítimas para canais secretos no Telegram. Lá, falsos médicos tentam vender uma variedade de documentos fraudulentos.
Os golpes variam: alguns grupos oferecem certificados de viagem relacionados à COVID-19 por valores entre US$250 e US$500 em bitcoin. Outros exploram a paranoia em relação a “próximas pandemias” ou outras vacinas, oferecendo resultados falsos de tuberculose, tétano ou poliomielite.
A análise da Logically revela que, dos 60 canais do Telegram vendendo documentos falsos, 25 possuem administradores usando o prefixo “Dr.” e 13 canais se apropriam da imagem de profissionais médicos reais. Um canal chega a se intitular uma “coalizão de médicos” e seu proprietário usa o nome de um cirurgião plástico conhecido, com cerca de 50 mil seguidores nas redes sociais.
“Quando as pessoas conseguem pegar sua imagem e usá-la para fins ruins, seja fraude ou desinformação, eu acho realmente assustador”, disse o médico do Texas cujo nome foi usado pelos golpistas à WIRED.
Ele acrescentou que os infratores agora podem usar inteligência artificial para criar vídeos fake, tornando “muito difícil para uma pessoa comum saber se é uma conta falsa ou não”.
Pesquisadores afirmam que é improvável que qualquer comprador receba os documentos que compra, sugerindo que a operação seja motivada por ganhos financeiros.