O cenário macroeconômico atual está colocando uma pressão crescente sobre o desempenho do Bitcoin, com projeções cada vez mais cautelosas por parte dos especialistas. Markus Thielen, estrategista da 10x Research, vê sinais claros de que a criptomoeda pode em breve recuar para a faixa dos US$ 60 mil, mesmo em meio à sua atual valorização.
Apesar de o Bitcoin estar sendo negociado na casa dos US$ 77.298,01, conforme os dados mais recentes da Kraken, a estabilidade no patamar de US$ 73 mil parece frágil. Para Thielen, o suporte real se encontra mais abaixo. Caso o preço da moeda digital escorregue abaixo dos US$ 60 mil, há um risco elevado de pânico no mercado, o que poderia alimentar uma venda em massa.
O pessimismo do analista se baseia em uma combinação de fatores econômicos globais. Ele destaca, entre eles, o aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China — uma disputa tarifária que já mostra impactos negativos sobre a economia chinesa. A desaceleração no setor imobiliário do país asiático, os lucros corporativos em declínio e a alta taxa de desemprego entre os jovens chineses são pontos que, segundo Thielen, desenham um quadro preocupante.
Com essa conjuntura desfavorável, há a possibilidade de que o governo chinês seja forçado a desvalorizar o yuan, numa tentativa de sustentar sua economia interna. Porém, essa medida, embora comum em tempos de crise, pode ter efeitos colaterais no restante do mundo. O enfraquecimento da moeda chinesa poderia pressionar ainda mais a inflação global, abrindo caminho para aumentos nas taxas de juros em outras economias — o que, historicamente, não favorece ativos de risco como o Bitcoin.
Thielen observa que, mesmo que em outras épocas a desvalorização de moedas tenha servido como impulso para o Bitcoin, este não parece ser o caso agora. O envolvimento dos investidores chineses com o mercado cripto diminuiu, e a renda disponível também encolheu. “Não há urgência para comprar”, comenta o analista, apontando para a ausência de estímulos monetários ou fiscais que sustentem a demanda por ativos digitais no momento.
Além disso, ele chama atenção para sinais mais amplos de estresse financeiro global. O enfraquecimento da confiança dos consumidores, o aumento nos spreads de crédito e o ambiente cada vez mais incerto sugerem que o mercado poderá enfrentar uma retração adicional no curto prazo, mesmo que a perspectiva de longo prazo para o Bitcoin permaneça positiva.
Diante dessa combinação de fatores — desde os desdobramentos da política econômica chinesa até os reflexos no mercado financeiro internacional —, o alerta é claro: a trajetória do Bitcoin pode sofrer interrupções, e os investidores devem se preparar para um possível cenário de correção acentuada nas próximas semanas.