Com o início de maio, o mercado de criptoativos apresenta sinais animadores, liderado por uma valorização significativa do Bitcoin que conseguiu superar resistências psicológicas importantes. Esses movimentos trouxeram à tona a possibilidade de uma nova fase de alta, embora especialistas não estejam em consenso sobre o real significado desse impulso.
A plataforma de dados CryptoQuant, que acompanha os ciclos do mercado por meio do seu Indicador Bull-Bear, começou recentemente a identificar uma possível mudança de direção. Desde 24 de fevereiro de 2024, o indicador permanecia firme em sinal de baixa — o chamado “bear market” —, mas nos últimos dias essa leitura começou a se modificar, sinalizando um potencial novo ciclo.
No entanto, há ressalvas. A mesma métrica, ao longo do ano, já demonstrou inconsistências. Durante o primeiro semestre de 2024, por exemplo, o mercado ficou preso em uma tendência lateral, frustrando previsões anteriores de alta. Dessa forma, mesmo com a recente mudança no indicador, o sinal ainda é considerado incipiente e não totalmente confiável.
Para investigar mais a fundo, o analista Burakkesmeci recorreu à análise das médias móveis — especificamente a de 30 dias (30DMA) e a de 365 dias (365DMA). Segundo ele, a Bull-Bear 30DMA, uma métrica de curto prazo, passou a apontar para cima. Caso essa curva de 30 dias cruze acima da média anual (365DMA), o histórico mostra que esse movimento costuma preceder altas expressivas no preço do Bitcoin. Burakkesmeci sugere, assim, que poderíamos estar às vésperas de uma nova fase parabólica.
Apesar das evidências técnicas, há quem veja a recente movimentação como apenas um reflexo de fatores externos temporários. O analista conhecido como Darkfost adota uma leitura mais conservadora, baseando-se na Taxa de Crescimento — um indicador que compara o valor de mercado (Market Cap) ao valor realizado (Realized Cap) do Bitcoin, com o objetivo de avaliar a solidez de uma possível alta.
De acordo com ele, a métrica começa a retornar ao território de alta, coincidindo com a recuperação do Bitcoin para o patamar dos US$ 100 mil. Ainda assim, Darkfost evita euforias: para ele, essa recuperação pode ser ilusória, provocada por eventos pontuais e não por uma real mudança de ciclo.
Entre os fatores externos citados pelo analista estão o recente acordo comercial firmado por Donald Trump com o Reino Unido — uma ação que ajudou a aliviar temores relacionados a tarifas — e a postura do Federal Reserve (Fed), que decidiu manter as taxas de juros estáveis, optando por cautela no cenário macroeconômico.
Além das análises técnicas e macroeconômicas, o sentimento do investidor também passou por uma transformação recente. O Índice de Medo e Ganância, amplamente utilizado para medir o apetite de risco no mercado cripto, saltou para 73, entrando na zona de “Ganância”. Esse é o nível mais alto registrado nos últimos dois meses e sugere uma mudança de humor entre os participantes do mercado.
Contudo, o otimismo pode ter um lado perigoso. Historicamente, níveis elevados de ganância — e principalmente de “Ganância Extrema” — tendem a anteceder correções de preço, funcionando como um alerta para possíveis quedas.
Portanto, embora os dados apontem para uma melhora no cenário cripto, a leitura predominante ainda é de cautela. Enquanto alguns veem sinais de uma possível retomada sustentada, outros alertam que esse movimento pode ser apenas um respiro dentro de um mercado ainda fragilizado.