A movimentação do mercado brasileiro de criptomoedas atingiu um marco sem precedentes no encerramento de 2024, quando foram informados à Receita Federal R$ 52 bilhões em transações com ativos digitais — o maior valor mensal já registrado até então. Esses dados fazem parte da retomada da divulgação de estatísticas mensais promovida pela Receita, que vem acompanhando de perto o crescimento desse setor.
Entre os ativos mais negociados, o destaque absoluto é do USDT, stablecoin atrelada ao dólar e emitida pela Tether. Somente em dezembro, ela respondeu por R$ 29,4 bilhões das declarações — o equivalente a 56% de toda a movimentação registrada no país. Na sequência, o Bitcoin foi responsável por R$ 7,8 bilhões, ou 15% do total. Outras criptomoedas também marcaram presença, como o Ethereum (R$ 2,2 bilhões), o USDC (R$ 1 bilhão), a Solana (R$ 999 milhões) e o XRP (R$ 810 milhões).
No recorte sobre as plataformas utilizadas para essas operações, o relatório indica que a maior parte das negociações foi realizada por meio de exchanges nacionais, com R$ 38 bilhões movimentados, o que representa 73% do volume total de dezembro. Já as transações feitas diretamente entre pessoas, sem uso de corretoras, somaram R$ 7,9 bilhões. As plataformas sediadas no exterior, por sua vez, movimentaram R$ 5,2 bilhões naquele mês.
Contudo, o ritmo de crescimento observado no final de 2024 não se manteve nos primeiros meses de 2025. Após o recorde de dezembro, os volumes começaram a apresentar queda: R$ 47 bilhões em janeiro, R$ 35 bilhões em fevereiro, R$ 34 bilhões em março, R$ 31 bilhões em abril e R$ 30 bilhões em maio — este último sendo o dado mais recente disponível.
Apesar da retração no volume total, o USDT aumentou ainda mais sua predominância no mercado. Em maio, respondeu por 65% das operações, com R$ 19,7 bilhões declarados. O Bitcoin, em contrapartida, viu sua participação cair para 11%, com R$ 3,4 bilhões em volume. A discrepância também aparece no ticket médio das operações: enquanto cada transação com USDT teve um valor médio de R$ 22 mil, no caso do Bitcoin esse número foi bem menor, apenas R$ 1,2 mil.
Ao analisar o desempenho dos últimos anos, é possível perceber uma trajetória de expansão expressiva no mercado cripto nacional. O primeiro grande salto aconteceu em maio de 2021, quando foram informados R$ 26,6 bilhões à Receita. Esse recorde só foi superado dois anos depois, em agosto de 2023, com R$ 28 bilhões.
Durante o ano de 2024, os volumes mensais mantiveram-se quase sempre acima da marca dos R$ 30 bilhões, com exceção de três meses — fevereiro, maio e junho — que apresentaram volumes ligeiramente inferiores, variando entre R$ 28 bilhões e R$ 29 bilhões. Já em 2025, apesar da tendência de queda desde janeiro, todos os meses até maio ainda superaram essa mesma marca dos R$ 30 bilhões. Esses dados indicam uma consolidação gradual do setor, ainda que sujeito às oscilações típicas do ambiente cripto.