As autoridades reguladoras do Camboja estão intensificando medidas contra corretoras de criptomoedas no país, com a recente desativação do acesso a 16 plataformas, incluindo gigantes do setor como Binance e Coinbase. O bloqueio foi solicitado pela Securities and Exchange Regulator of Cambodia (SERC), órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários do país, e executado pela entidade de telecomunicações local. Até o momento, as corretoras afetadas não se manifestaram publicamente sobre a medida.
Essas ações refletem um contexto mais amplo de resistência do governo cambojano ao mercado de criptomoedas. Desde 2018, o uso de criptomoedas como meio de pagamento é proibido no país. O histórico de golpes cibernéticos originados no Camboja contribuiu para reforçar essa postura. A pressão internacional, incluindo alertas de países como o Brasil sobre fraudes envolvendo propostas de emprego oriundas do Sudeste Asiático, também parece ter influenciado as recentes iniciativas regulatórias.
No entanto, a repressão às corretoras contrasta com o interesse do Camboja em avançar no uso de tecnologia blockchain em seu sistema financeiro. O país lançou a “Bakong”, uma plataforma digital baseada em blockchain desenvolvida pelo Banco Nacional do Camboja. Embora frequentemente classificada como uma moeda digital de banco central (CBDC), a Bakong funciona como uma infraestrutura para pagamentos instantâneos em riel cambojano e dólares americanos.
O objetivo do Bakong é duplo: modernizar o sistema financeiro e ampliar a inclusão bancária, um desafio significativo para o Camboja, onde grande parte da população ainda está fora do sistema financeiro tradicional. Até o final de 2023, a plataforma já havia registrado mais de 10 milhões de contas, abrangendo cerca de 60% da população do país. Além disso, o Bakong busca reduzir a dependência do dólar americano na economia local, promovendo o uso do riel.
Enquanto explora os potenciais benefícios do blockchain em sua moeda soberana, o Camboja mantém uma abordagem conservadora em relação às criptomoedas privadas. O bloqueio de acesso a corretoras como Binance, Coinbase e OKx, aliado às proibições anteriores, ilustra um esforço contínuo para controlar os riscos associados a essas plataformas e proteger a economia local.