O mercado de ativos digitais voltou a ser palco de polêmicas após declarações enfáticas de Raoul Pal, CEO da Real Vision e figura influente no mundo dos investimentos macroeconômicos. Em postagens nas redes sociais, cujos prints circularam amplamente na comunidade, Pal afirmou que tokens não fungíveis (NFTs) seriam “o melhor meio de preservação de riqueza no longo prazo”.
Segundo ele, essa visão faz parte de uma tese mais ampla: a combinação entre desvalorização das moedas fiduciárias e o avanço acelerado da tecnologia está provocando uma transformação sem precedentes na forma como ativos são distribuídos e valorizados.
“Você não tem cripto o suficiente. E quando tiver, vai perceber que não tem NFTs o suficiente, porque a arte vem antes da riqueza. Ambos nunca mais estarão tão baratos como agora”, escreveu Pal em uma das mensagens que geraram maior repercussão.
A declaração não passou despercebida. Enquanto alguns seguidores apoiaram o posicionamento, outros reagiram com sarcasmo ou ceticismo, alimentando o debate sobre o verdadeiro valor dos NFTs, especialmente após a retração do mercado em relação aos níveis eufóricos de 2021.
Influenciadores como Lark Davis demonstraram alinhamento com Pal, admitindo publicamente que detêm poucos NFTs, mas que pretendem reavaliar essa posição no atual ciclo de mercado. Em resposta, Pal recomendou começar com a compra de um CryptoPunk — uma das coleções mais antigas e icônicas baseadas na rede Ethereum.
A divisão ficou evidente nas respostas. Para uma parcela da comunidade, Raoul Pal continua acertando tendências antes que se consolidem. Esses apoiadores o creditam por prever movimentos importantes, como a adoção institucional do Bitcoin e a ascensão da Web3. Na visão desse grupo, os NFTs — especialmente aqueles associados a elementos culturais — representam uma forma primitiva e subvalorizada de propriedade digital.
Apesar do apoio de alguns, a maioria dos comentários foi crítica. Muitos participantes do ecossistema de criptoativos apontaram que o mercado de NFTs ainda está distante de seu auge e continua lutando com baixa liquidez. Alguns foram mais duros, descrevendo o setor como “exageradamente promovido” e mergulhado em um “deserto de liquidez”.
O investidor e analista Fred Krueger chegou a citar a fala de Pal com incredulidade, comentando: “Não estou brincando”. Gary Cardone também manifestou dúvidas semelhantes, reforçando o tom de ceticismo. Outros críticos questionaram não só o conteúdo, mas também o momento em que Pal decidiu fazer tal afirmação.
O embate sobre a visão de Raoul Pal ilustra a crescente incerteza sobre o futuro dos NFTs. Apesar de ainda contar com defensores, o setor enfrenta uma onda de desconfiança — um reflexo da maturação (ou desaceleração) natural de um mercado que já foi visto como uma revolução iminente na forma como possuímos arte, cultura e ativos digitais.