O relatório elaborado pelo MIT Sloan Review Brasil em parceria com a Agroven oferece uma visão abrangente sobre as tendências e inovações que devem moldar o futuro da pecuária. Com a participação de grandes nomes do setor agropecuário brasileiro, como a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), o Fundo JBS pela Amazônia, especialistas acadêmicos e produtores, o estudo explora como a gestão, a sustentabilidade e as tecnologias emergentes podem transformar a indústria.
Com a projeção da ONU de que a população mundial chegará a 10 bilhões de pessoas em 2050, a demanda por alimentos, especialmente de origem animal, deve aumentar substancialmente. De acordo com o “Relatório de Recursos Mundiais: Criando um futuro alimentar sustentável”, essa procura global poderá crescer mais de 50%, sendo que a busca por produtos de origem animal pode subir até 70%. Nesse cenário, o Brasil se destaca como um dos principais fornecedores de commodities agrícolas, reforçando sua responsabilidade em atender a essa demanda crescente.
A pecuária nacional, que contava com 234,4 milhões de animais em 2022, de acordo com dados do IBGE, ainda enfrenta desafios significativos em termos de implementação de novas tecnologias para impulsionar a produção sustentável. Com cerca de 1,37 milhão de pecuaristas ativos, a maioria dos quais são micros, pequenos e médios produtores, a digitalização e o acesso a novas tecnologias continuam sendo um obstáculo. Os grandes produtores estão na vanguarda da inovação, mas muitos ainda mantêm processos manuais, o que pode limitar o potencial do setor.
Tecnologias como blockchain estão sendo adotadas para mudar essa realidade. Thiago Parente, da agtech que desenvolve soluções como o ERP iRancho e o simulador BeefStats, destaca a importância do uso de blockchain para a rastreabilidade dos bovinos. Ele compartilha um exemplo que ilustra como a falta de rastreabilidade pode levar a fraudes, como o caso de um pecuarista que descobriu irregularidades em sua fazenda, resultando em desvios de gado. Com a rastreabilidade em blockchain, essa situação seria evitada, garantindo mais transparência e integridade no processo de gestão.
A adoção de tecnologias como estas não só contribui para uma gestão mais eficiente, mas também impacta positivamente o bem-estar animal, o conforto dos trabalhadores e a sustentabilidade da operação. Parente enfatiza que a introdução de tecnologias exponenciais torna o negócio mais competitivo e atraente.
Outro ponto relevante abordado pelo estudo é o uso de Inteligência Artificial (IA) na pecuária, particularmente na pesagem de bois. Essa ferramenta melhora a precisão do monitoramento dos animais e promove práticas mais sustentáveis, alinhando-se aos princípios de ESG (Environmental, Social, and Governance). O uso da IA na rastreabilidade permite um controle em tempo real e otimiza a gestão ambiental, ajudando a reduzir desperdícios e melhorar o manejo dos rebanhos.
A contribuição da IA vai além: ela é um elemento importante para o mercado de carbono, permitindo quantificar e mitigar as emissões de gases de efeito estufa provenientes da produção de carne. Dado o foco crescente em práticas sustentáveis, essa capacidade de medir e reduzir o impacto ambiental torna-se um diferencial competitivo no setor agropecuário.
Em resumo, o relatório do MIT Sloan Review Brasil e da Agroven reforça a importância de integrar novas tecnologias e práticas de gestão sustentáveis para garantir que a pecuária brasileira não só atenda à crescente demanda global, mas também contribua para um futuro mais responsável e eficiente. A inovação, impulsionada pela IA, blockchain e soluções tecnológicas modernas, é vista como essencial para superar os desafios do setor e garantir um crescimento sustentável.