Em Golborne, um dos bairros mais carentes do Reino Unido, médicos e enfermeiros se aglomeram, ansiosos para testar um novo estetoscópio. À primeira vista, o instrumento se parece com os já conhecidos, aqueles que há duzentos anos seguem inalterados. Contudo, este guarda uma diferença: a inteligência artificial (IA) capaz de detectar doenças cardíacas instantaneamente.
A clínica Golborne é uma das 200 unidades de atenção primária do noroeste de Londres e País de Gales a receber o estetoscópio com IA – a primeira implementação desta tecnologia no sistema de saúde primária britânico.
Vale destacar que quase metade dos pacientes da Golborne pertencem a minorias étnicas, um grupo com maior risco de morte por doenças cardíacas.
Este estetoscópio, licenciado por órgãos reguladores para uso por médicos generalistas, se torna o primeiro produto de IA capaz de prescrever medicamentos potencialmente salvadores de vidas, sem a necessidade de revisão prévia por um especialista.
Quando adequadamente construídos e testados, os softwares de IA oferecem resultados instantâneos, baixo custo de implementação em larga escala e a capacidade de priorizar e triar pacientes nas longas listas de espera.
A velocidade da tecnologia pode evitar milhares de mortes prematuras e, ao mesmo tempo, gerar substanciais economias para o NHS sobrecarregado.
“Há cerca de 300.000 pacientes esperando diagnósticos para problemas cardíacos”, afirma Mihir Kelshiker, cardiologista do NHS e pesquisador clínico em saúde digital do Imperial College London, responsável pela implementação da nova ferramenta. O programa conta com a liderança sênior do Professor Nicholas Peters da mesma universidade.