A corretora de criptoativos eXch, conhecida por sua postura voltada à privacidade, informou que encerrará suas operações no próximo mês. A decisão foi divulgada nesta quinta-feira (17), por meio de um comunicado publicado na plataforma Bitcointalk. O encerramento oficial das atividades está marcado para o dia 1º de maio de 2025.
No texto, a eXch relata que decidiu encerrar suas operações após receber a confirmação de que está no centro de uma investigação internacional. De acordo com a corretora, as autoridades envolvidas estão conduzindo uma ação transatlântica cujo objetivo seria desmantelar o projeto e acusá-los de envolvimento com lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
A corretora afirma que chegou a essa conclusão após reuniões emergenciais realizadas com sua nova equipe de gestão, montada neste mês de abril. A maioria dos envolvidos teria votado pelo encerramento, preferindo recuar diante do que classificam como uma ofensiva coordenada.
Embora a eXch tenha sido utilizada por usuários comuns durante sua trajetória, a plataforma também atraiu atenção por ter sido empregada por hackers para converter ativos digitais de origem duvidosa. Casos notórios incluem os fundos desviados da Parity e da corretora FixedFloat em 2024.
Contudo, foi o ataque cibernético que atingiu a Bybit em fevereiro deste ano que, segundo analistas, teria sido o estopim para o aumento da pressão sobre a eXch. Nessa ocasião, cerca de R$ 31 bilhões foram roubados, e a corretora teria processado US$ 94 milhões (aproximadamente R$ 544 milhões) desses fundos, distribuídos em mais de mil transações.
Na época do episódio envolvendo a Bybit, a eXch se defendeu das acusações. Negando qualquer ligação com o grupo de hackers Lazarus, associado à Coreia do Norte, a empresa declarou que não estava envolvida em lavagem de dinheiro. Em resposta ao escândalo, afirmou ainda que a pequena parcela dos fundos do hack que havia passado pela plataforma seria destinada a apoiar projetos open-source voltados à segurança e privacidade no setor de tecnologia.
Em março, a eXch voltou a se posicionar publicamente, dessa vez acusando outras grandes corretoras — incluindo a própria Bybit — de hipocrisia. A corretora alegou que muitas dessas empresas estariam envolvidas em práticas similares, como processar ativos obtidos em ataques hackers, mas que não enfrentam a mesma hostilidade.
O comunicado expressava indignação com o que chamaram de “superioridade moral duvidosa”, praticada por companhias que, segundo a eXch, ignoram os próprios erros enquanto promovem uma “caça às bruxas” contra plataformas que não seguem políticas rígidas de identificação de clientes (KYC).
A eXch também utilizou a nota de encerramento para criticar o setor como um todo, apontando que grandes players se protegem por meio de estruturas offshore e não adotam práticas eficazes de verificação. A corretora reforçou que seu objetivo nunca foi facilitar crimes financeiros, e que o atual cenário regulatório parece mais voltado à perseguição de projetos alternativos do que à real prevenção de atividades ilegais.
Segundo a equipe da corretora, eles têm conhecimento de que estão sendo observados por agências governamentais e agentes de inteligência. Apesar disso, reafirmam que seus princípios sempre foram guiados pela proteção da privacidade e não por intenções ilícitas.