Em 6 de abril, os mercados financeiros globais passaram por uma queda acentuada, que afetou especialmente as criptomoedas e as ações dos EUA. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou a ideia de que estava deliberadamente provocando uma queda do mercado, mas mencionou que, em certos momentos, “é necessário tomar medidas drásticas para corrigir algo”.
Essa queda coincidiu com a abertura do mercado futuro de ações dos EUA em forte declínio, com o impacto imediato sendo sentido nas criptomoedas. O governo Trump, que havia intensificado sua política tarifária, anunciou um aumento nas tarifas globais, incluindo uma taxa de 10% aplicada a todos os países a partir de 5 de abril. Países como a China, a União Europeia e o Japão foram atingidos por tarifas ainda mais altas, com 34%, 20% e 24%, respectivamente.
O impacto foi imediato no mercado de criptomoedas, com o Bitcoin (BTC) caindo mais de 6% em 24 horas, sendo negociado por volta de US$ 77.883. O Ether (ETH) sofreu uma queda mais expressiva, recuando mais de 12%, alcançando US$ 1.575. O valor total do mercado cripto despencou em mais de 8%, atingindo US$ 2,5 trilhões.
Contudo, logo após esse movimento inicial de queda, houve uma recuperação parcial dos preços. O Bitcoin subiu 1,4%, passando para US$ 78.500, enquanto o Ether se valorizou para US$ 1.594.
Além da volatilidade nas criptomoedas, o Índice de Medo e Ganância do mercado cripto, que mede o sentimento dos investidores em relação às criptomoedas, marcou 23 em sua última atualização, registrada em 7 de abril. Esse valor é considerado um indicador de “medo extremo”, refletindo a apreensão dos investidores no cenário atual.
Charlie Sherry, líder do setor financeiro da corretora cripto australiana BTC Markets, explicou que a queda observada não foi algo inesperado, especialmente considerando a tendência de maior iliquidez nos mercados globais aos domingos. Ele destacou que, em um cenário como esse, grandes ordens de venda podem causar uma queda rápida nos preços. Além disso, Sherry associou a instabilidade do mercado à retórica recente sobre tarifas adotada pelo presidente Trump, que contribuiu para uma maior incerteza nas relações comerciais internacionais.
Apesar da retração dos preços, alguns analistas enxergam uma possível recuperação do Bitcoin. Arthur Hayes, cofundador da BitMEX, sugeriu que, embora as tarifas possam estar abalando os mercados financeiros, elas também poderiam ser um catalisador para uma valorização do Bitcoin no longo prazo.
A queda nos mercados não se limitou às criptomoedas. O mercado futuro de ações dos EUA também enfrentou uma queda substancial, com os futuros do S&P 500 despencando quase 4%, de acordo com dados do Google Finance. O Nasdaq, focado em tecnologia, também apresentou perdas, e os futuros do índice Dow Jones caíram mais de 8%.
O impacto negativo no mercado de ações foi amplamente comentado por analistas. Em uma publicação no X, o boletim financeiro The Kobeissi Letter alertou que a queda nos futuros das ações dos EUA havia colocado o S&P 500 em “território de mercado em baixa”. A publicação também revelou que, nos últimos 32 dias, o mercado de ações dos EUA havia perdido em média US$ 400 bilhões por dia útil.
Tom Dunleavy, sócio-gerente da MV Global, alertou que, caso os futuros de ações dos EUA continuem a cair, isso poderia se tornar uma das piores quedas do mercado nos últimos tempos, com a possibilidade de ser “a pior movimentação de três dias das ações dos EUA de todos os tempos”.
