No dia 27 de janeiro, um token baseado na Solana, batizado com o nome do aplicativo chinês de inteligência artificial DeepSeek, teve um aumento expressivo em seu valor de mercado. Durante um curto período, ele ultrapassou a marca de US$ 48 milhões em capitalização, alimentado por um volume de negociação de US$ 150 milhões. Esse pico chamou a atenção no universo das criptomoedas, conforme informações fornecidas pela plataforma Birdeye, especializada em dados sobre tokens da Solana.
O token foi criado em 4 de janeiro, antes mesmo de o DeepSeek se tornar notícia mundial. Isso ocorreu semanas antes de o aplicativo conquistar os primeiros lugares nos rankings da App Store da Apple nos Estados Unidos, aumentando ainda mais seu reconhecimento. No entanto, logo após esse aumento, a avaliação do token desabou, e, no momento da redação desta matéria, seu valor de mercado estava em torno de US$ 30 milhões, apesar dos esforços de seus criadores em associá-lo ao DeepSeek. Embora o valor tenha caído, ainda há mais de 22.000 carteiras de usuários que mantêm o token.
O fenômeno não se limitou a esse único token. Outro projeto similar também aproveitou o momento de hype gerado pelo DeepSeek, alcançando brevemente US$ 13 milhões em capitalização de mercado e US$ 28,5 milhões em volume de negociação. Porém, logo após esse pico, o valor do segundo token também despencou, ficando em US$ 8,6 milhões.
Em resposta a essas movimentações no mercado de criptoativos, o DeepSeek se distanciou publicamente desses tokens. A empresa negou qualquer envolvimento com as criptomoedas e alertou os usuários sobre os riscos de golpes, indicando que as criptos em questão eram fraudulentas.
O sucesso meteórico do DeepSeek, que trouxe um novo debate sobre a dominância da inteligência artificial, também teve repercussões no mercado financeiro mais amplo. Especialistas sugerem que o impacto do aplicativo, associado a sua ascensão no cenário internacional, pode ter influenciado a queda do Bitcoin abaixo da marca de US$ 100.000, um patamar que não era visto desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump. Além disso, o impacto de DeepSeek no mercado é visto como um desafio direto à liderança dos EUA na área de IA, gerando repercussões políticas e econômicas. Em resposta, Trump assinou uma ordem executiva no dia 23 de janeiro, com o objetivo de preservar a supremacia dos EUA nesse setor, ao mesmo tempo em que pedia sistemas “livres de viés ideológico ou agendas sociais”.
Em meio a esse cenário, um outro episódio trouxe à tona a vulnerabilidade do mercado de criptomoedas. A chegada da memecoin oficial de Trump (TRUMP), lançada em 18 de janeiro, deu origem a uma onda de tokens fraudulentos. Com o sucesso da criação, muitos imitaram a marca de Trump e lançaram suas próprias versões, o que gerou um aumento nas atividades fraudulentas. De acordo com a empresa de segurança Blockaid, o número de tokens maliciosos associados a “Trump” saltou de 3.300 por dia para 6.800 no mesmo dia do lançamento.
O Cointelegraph investigou o caso e encontrou 61 tokens que, no dia 20 de janeiro, foram lançados com liquidez negociável e alegavam ser versões oficiais de TRUMP ou MELANIA. Esses tokens arrecadaram aproximadamente US$ 4,8 milhões em transações de 12.641 carteiras.
Além disso, o investigador de criptomoedas ZachXBT alertou para um aumento nos golpes envolvendo hackers que visam contas na plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter). Segundo ele, os golpistas estão agora direcionando seus ataques de contas políticas e governamentais para perfis de celebridades, aproveitando a visibilidade dessas contas para promover tokens fraudulentos.