Nas últimas semanas, o mercado de criptomoedas tem testemunhado um retorno expressivo da Dogecoin (DOGE), que se destacou como a criptomoeda com maior valorização entre as 20 maiores por capitalização de mercado. O ativo, criado originalmente como uma brincadeira, saltou quase 36% recentemente, sendo negociado por volta de US$ 0,27 — valor próximo ao seu pico dos últimos seis meses, alcançado pela última vez em fevereiro.
Esse movimento ascendente da DOGE acompanha o cenário mais amplo de recuperação do mercado cripto, liderado inicialmente por fortes ganhos do Bitcoin e do Ethereum no mês de julho. Com esses ativos maiores se valorizando, especialistas como Katie Talati, diretora de pesquisa da Arca, apontam que os investidores tendem a realizar lucros e redirecionar parte dos recursos para altcoins de menor capitalização e volume — como é o caso da Dogecoin.
Zach Pandl, chefe de pesquisa da Grayscale, destacou que o avanço da moeda está mais relacionado ao apetite renovado dos investidores por ativos de risco do que a mudanças estruturais no projeto em si. Para ele, o aumento da exposição a criptoativos especulativos é reflexo direto do otimismo crescente dos traders no ambiente atual. Além disso, Pandl também apontou que a recente aprovação da legislação de stablecoins nos Estados Unidos — a chamada GENIUS Act, sancionada na última semana pelo presidente Donald Trump — trouxe mais confiança ao mercado em geral, beneficiando inclusive criptomoedas memes como a DOGE.
O interesse institucional também está crescendo. A Bit Origin, empresa mineradora listada na Nasdaq, anunciou nesta segunda-feira um plano ambicioso de incorporar DOGE ao seu caixa corporativo. A estratégia prevê uma alocação total de US$ 500 milhões, dos quais US$ 40,5 milhões já foram convertidos em Dogecoin. A iniciativa segue uma tendência observada entre outras companhias listadas que vêm utilizando ativos digitais como forma de impulsionar o valor de suas ações.
Esse movimento não é inédito. A Dogecoin já teve outros momentos de alta impulsionados por figuras públicas — o mais notável deles em 2021, quando Elon Musk, CEO da Tesla e então homem mais rico do mundo, promoveu ativamente a moeda em suas redes sociais. Desde então, DOGE ganhou status de culto entre os entusiastas de criptoativos e passou a atrair atenção de grandes gestoras.
Atualmente, várias delas aguardam aprovação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) para lançar ETFs de Dogecoin com lastro direto no ativo. Analistas da Bloomberg estimam que a chance de aprovação desses fundos é de 90%, o que, se confirmado, pode marcar um novo capítulo para a moeda que nasceu como uma sátira e hoje ocupa espaço relevante no universo financeiro.
