Donald Trump, que recentemente começou a se interessar por criptomoedas, agora aspira ser o “presidente das criptos” e está tratando os ativos digitais como uma questão de importância geopolítica. Em uma entrevista concedida à Bloomberg em 16 de julho, Trump explicou o motivo de sua nova postura, mencionando que, se os Estados Unidos não adotarem as criptomoedas, a China ou outro país poderia se apropriar desse mercado, sendo a China o candidato mais provável.
A venda de sua coleção de NFTs “Mugshot” foi um ponto de virada para Trump, que revelou que 80% dos lucros foram pagos em criptomoedas, algo que ele considerou incrível. Isso despertou seu interesse no setor, que ele descreveu como uma área emergente que os EUA não podem permitir que outra nação domine.
A proibição da China sobre o comércio e mineração de criptomoedas em 2021 levantou várias questões sobre o controle governamental sobre ativos digitais descentralizados como Bitcoin e Ether. Anteriormente, a China era um grande player no mercado cripto, com a maior parte da mineração de Bitcoin ocorrendo no país. No entanto, a repressão em 2021 fez com que a mineração praticamente desaparecesse do território chinês.
Nos últimos meses, houve especulações de que a China pode estar reconsiderando sua postura, especialmente com Hong Kong emergindo como um possível centro para testes de criptoativos. Em abril de 2024, o governo chinês aprovou o lançamento de vários ETFs de Bitcoin em Hong Kong, o que pode indicar uma tentativa de transformar a cidade em um hub cripto, apesar da proibição contínua no continente.
Especialistas divergem sobre se a China se arrepende de sua decisão de 2021. Alguns argumentam que a proibição foi um erro estratégico que prejudicou o desenvolvimento tecnológico do país, enquanto outros acreditam que a China mantém sua posição devido ao desejo de controlar rigorosamente os fluxos de capital.
Hong Kong, com sua economia mais aberta, tem visto um crescimento substancial no mercado de ETFs de ativos digitais. A aceitação da tecnologia blockchain pela China é evidente no desenvolvimento do yuan digital, demonstrando um interesse em aproveitar os benefícios de longo prazo dessa tecnologia.
A decisão da China de reprimir as criptomoedas pode ter sido uma estratégia para manter o controle sobre sua economia, mas observadores notam que o país está reavaliando sua abordagem ao ver o valor estratégico dos ativos digitais. A postura mais flexível em Hong Kong pode ser uma tentativa de se manter competitivo sem reverter a política no continente.
Trump, por sua vez, está capitalizando a crescente importância das criptomoedas entre os eleitores americanos, usando a retórica sobre a competição com a China para ganhar apoio. Ele parece entender que o Bitcoin representa um sistema de direitos de propriedade globalmente neutro e estratégico no século 21.
Ainda assim, alguns especialistas acreditam que a ideia de que a China possa novamente dominar o mercado cripto é improvável, dada a natureza descentralizada e diversificada dos principais criptoativos. A tentativa de controle governamental sobre criptomoedas é vista como incompatível com a essência desses ativos.
Em resumo, a paisagem global das criptomoedas continua evoluindo, com países como a China e figuras políticas como Trump reconhecendo a importância estratégica desses ativos digitais. A questão permanece sobre como as nações vão equilibrar o controle regulatório com a inovação e o crescimento no setor cripto.
