A K Wave Media (KWM), aliança coreana de mídia e pioneira como a primeira do país listada na Nasdaq, anunciou nesta semana um ambicioso plano: levantar US$ 500 milhões para formar um dos maiores tesouros corporativos de Bitcoin da Ásia.
A iniciativa causou um verdadeiro impacto no mercado. As ações da empresa tiveram uma valorização superior a 155% poucas horas após a divulgação da estratégia. Investidores rapidamente responderam com entusiasmo à mudança de direção da companhia, que agora mira o universo das finanças digitais em vez de se limitar ao tradicional mercado de entretenimento coreano.
Ao invés de seguir competidores que ainda estão focados em lançar produções de K-dramas ou álbuns de K-pop, a KWM decidiu avançar para o setor de criptoativos com uma abordagem claramente inspirada na japonesa Metaplanet Inc. Esta última viu seu valor de mercado explodir em 2024, com ganhos impressionantes superiores a 4.000% ao adotar o Bitcoin como eixo central de sua política financeira. Com isso, a KWM passou a se autodenominar “a Metaplanet da Coreia”.
O capital de meio bilhão de dólares será captado por meio de um acordo de compra de títulos com a Bitcoin Strategic Reserve KWM LLC. Parte desse valor será alocado diretamente na compra e custódia de Bitcoin como ativo de reserva de longo prazo.
Para Choi Pyeungho, presidente do conselho da KWM, essa escolha representa um passo estratégico importante: “A adoção do Bitcoin como ativo de tesouraria é uma decisão visionária que demonstra como os mundos da mídia digital e das finanças descentralizadas estão cada vez mais integrados”.
Mas a empresa coreana não pretende apenas guardar criptomoedas. Ela quer transformar essa base em um ecossistema completo. Entre os projetos está a construção de infraestrutura usando a Lightning Network do Bitcoin, tecnologia que permite transações mais rápidas e com taxas reduzidas. Isso poderá possibilitar aos fãs da cultura pop coreana adquirir álbuns, ingressos para shows e até votar em seus ídolos por meio da criptomoeda.
Além disso, a KWM planeja realizar aquisições estratégicas no setor global de cinema e dramas coreanos, permitindo inclusive que investidores financiem novos projetos de entretenimento utilizando ativos digitais.
Embora companhias americanas como a Strategy (antiga MicroStrategy) já venham acumulando Bitcoin há anos, o movimento da K Wave Media ainda é uma novidade significativa no contexto asiático, especialmente dentro do segmento de mídia e entretenimento.
A tendência, no entanto, está ganhando força no continente. Outro exemplo recente é o da Basel Medical Group Ltd, empresa de saúde baseada em Singapura, que revelou planos para adquirir até 10.000 Bitcoins, o equivalente a aproximadamente US$ 1 bilhão, como parte de sua política de tesouraria.
Com analistas já prevendo que a iniciativa da KWM possa desencadear uma reação em cadeia, a expectativa é que mais empresas asiáticas, especialmente no setor de mídia, comecem a explorar estratégias similares. Caso a K Wave Media tenha sucesso, o mercado pode assistir a uma nova onda de integração entre entretenimento e criptoativos na região.