A Pi Network tem enfrentado uma onda crescente de críticas, particularmente após o especialista Justin Bons, fundador da CyberCapital, classificar o projeto como uma “fraude”. Bons trouxe à tona diversas questões sobre o modelo de negócios, a tecnologia e a centralização da rede, o que gerou preocupações sobre a sustentabilidade e a segurança do projeto. Além disso, essas críticas surgem em meio à queda do valor do token Pi Coin no mercado.
Em uma série de publicações no X (antigo Twitter), Bons destacou que, apesar das alegações de descentralização, a Pi Network permanece extremamente centralizada. Ele criticou o fato de que a rede exige procedimentos de Conheça Seu Cliente (KYC) para qualquer transação, até as mais simples, o que indica um alto nível de controle centralizado. Bons afirmou ainda que a Pi Network é uma “fraude de investimento”, apontando que, apesar das promessas de inovação, o projeto não entrega o que foi prometido.
Outro ponto levantado por Bons foi o atraso de cinco anos no lançamento do mainnet, que era considerado crucial para a transição para um sistema mais descentralizado. O especialista também afirmou que a tecnologia da Pi Network é, na verdade, uma cópia da Stellar (XLM), o que, segundo ele, enfraquece a credibilidade da rede.
Além disso, Bons ressaltou as limitações da Pi Network, como a ausência de uma máquina virtual Turing completa, que impede a plataforma de se integrar de maneira eficiente ao ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi). Ele argumentou que isso torna a rede pouco escalável e programável, comprometendo seu potencial de crescimento e inovação.
Bons também fez críticas ao sistema de mineração da Pi Network, comparando-o a um esquema Ponzi. Ele argumentou que o mecanismo de bloqueio de tokens favorece os insiders, permitindo que os primeiros investidores obtenham lucros significativos enquanto o valor do token é inflacionado. Essa dinâmica, segundo Bons, prejudica os investidores iniciantes e cria uma distorção no mercado.
Outro aspecto que gerou críticas foi o programa de indicação, que Bons comparou a um esquema de marketing multinível (MLM). Ele afirmou que esse sistema cria custos desnecessários sem trazer benefícios reais para os usuários, gerando apenas uma rede de recrutamento em vez de uma rede de valor real.
A falta de transparência também foi um ponto crítico destacado por Bons. Ele mencionou que, embora a Pi Network exija KYC de seus usuários, não revela informações sobre a distribuição de tokens entre os insiders, o que ele vê como uma contradição em relação às alegações de justiça e descentralização do projeto. Bons sugeriu que até 20% do suprimento de tokens pode estar nas mãos de um número reduzido de pessoas, o que comprometeria a ideia de um sistema justo e aberto.
As críticas de Bons coincidem com o descontentamento crescente da comunidade de usuários, especialmente após a Binance divulgar, em 19 de março, seu primeiro lote de projetos para o “Vote to List”. Apesar de a Pi Coin ter recebido 86% dos votos a favor da inclusão, a exchange não listou o token, o que gerou frustração entre os membros da comunidade. Um usuário expressou indignação no X, sugerindo que a Binance não estava cumprindo suas promessas de listar a moeda.
Além disso, a comunidade da Pi Network passou a avaliar a Binance negativamente, com muitos usuários dando uma classificação de 1 estrela à exchange na Google Play Store. Em resposta, a Binance alertou que não aceitava pressões para listar moedas por meio de ataques ou críticas, deixando claro que qualquer tentativa de manipulação através de “FUD” (medo, incerteza e dúvida) poderia resultar em banimento.
O impacto dessas críticas e da falta de ações por parte da Binance foi imediato no mercado. O valor da Pi Coin sofreu uma queda significativa, alcançando menos de US$ 1,00 pela primeira vez desde o final de fevereiro, o que acirrou ainda mais as discussões sobre a viabilidade e o futuro do projeto. A combinação de críticas de especialistas como Bons e o desprezo demonstrado pela Binance pode ter prejudicado as perspectivas da Pi Network, levantando dúvidas sobre sua longevidade no mercado de criptomoedas.
