Em meio à crescente incerteza nos mercados financeiros tradicionais, os fundos negociados em bolsa, os ETFs de Bitcoin, registraram um dos maiores aportes do ano. Na última terça-feira, esses produtos financeiros cripto receberam aproximadamente US$ 1 bilhão em novos investimentos, marcando uma das movimentações de capital mais expressivas desde janeiro.
O ressurgimento do interesse institucional nesses fundos se reflete no valor total sob gestão, que agora atinge a marca de US$ 108,16 bilhões. Dados da Farside Investors indicam que o ARK 21Shares Bitcoin ETF liderou os aportes do dia, recebendo US$ 267 milhões em entradas líquidas. Logo atrás, o iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, captou US$ 193,5 milhões.
O novo equilíbrio entre os fundos tem chamado atenção de especialistas. Eric Balchunas, analista sênior de ETFs da Bloomberg, destacou em suas redes sociais que a distribuição mais ampla das entradas sinaliza uma profundidade maior do mercado. Ele observou que, diferentemente de ocasiões anteriores em que o IBIT dominava os aportes, o desempenho mais parelho entre os ETFs indica um fortalecimento coletivo do setor.
Essa onda de entradas positivas surge após um período conturbado. Entre 20 de janeiro e 8 de abril, os ETFs de Bitcoin enfrentaram saídas líquidas no valor de US$ 27,5 bilhões. A movimentação registrada nesta semana pode representar uma inflexão significativa na trajetória recente desses fundos.
A mudança no comportamento do mercado está sendo interpretada como um sinal de maturidade do setor cripto. Dan Greer, CEO da plataforma Defi App, afirmou ao TheStreet Crypto que a postura atual das instituições vai além da experimentação. “Estamos vendo um movimento claro de comprometimento. O Bitcoin está deixando de ser visto como um ativo especulativo e passa a ser considerado parte estratégica das carteiras, especialmente num momento em que os mercados tradicionais enfrentam pressões macroeconômicas”, avaliou.
O ambiente regulatório também tem contribuído para esse cenário. Desde a posse do presidente Donald Trump, em janeiro, a administração norte-americana vem promovendo iniciativas que colocam a indústria de criptomoedas no centro de sua estratégia econômica. O governo instituiu uma profunda reforma nas regras do setor, incluindo a criação da primeira reserva estratégica de Bitcoin dos Estados Unidos.
Além disso, há analistas que atribuem o crescimento dos ETFs a uma mudança de postura por parte da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), que estaria adotando uma abordagem mais favorável ao setor. Esse conjunto de fatores tem impulsionado a popularidade desses instrumentos financeiros, que agora parecem ocupar uma posição mais consolidada no portfólio dos grandes investidores.