Com a queda do mercado de criptomoedas e a falência da FTX, exchange cripto que era considerada uma das principais do setor, os investidores de bitcoin (BTC) e altcoins voltaram seu olhar mais crítico para as empresas de ativos blockchain.
Sem dúvidas, o principal nome dessa arena não poderia ficar de fora. A Binance tem sido a exchange que os investidores mais estão de olho, com receio dos movimentos que podem ser feitos pela plataforma cripto. Afinal, com todo seu poder na indústria blockchain, uma falência da empresa preto e amarela pode acelerar ainda mais a saída de capital do mercado.
No entanto, olhando para a Binance, o investidor deve se atentar ao fato de que além da exchange cripto global, a empresa de Changpeng Zhao (CZ) possui uma offshore nos Estados Unidos.
O nascimento da Binance.US
Como a pressão regulatória dos EUA é mais forte que na maior parte dos países quando o assunto é criptomoedas, em 2019, a Binance.US foi criada para que os clientes norte americanos da empresa se mantenham seguros, enquanto os demais usuários da Binance pelo mundo não sofram com uma força regulatória que não os pertence.
Ao contrário de sua criadora, a Binance.US não permite negociação de derivativos de criptomoedas altamente alavancadas, que é regulamentada nos EUA.
A Binance.US conseguiu obter a licença de empresa de serviços financeiros. No entanto, a Forbes declarou que o nascimento desse braço da principal exchange foi uma manobra feita apenas para enganar os reguladores dos Estados Unidos.
Com os centralizadores de poder dos EUA sendo obrigados a se concentrar na offshore, a empresa global é deixada de lado.
Claro que a Binance não deixou isso baixo. A empresa de criptomoedas decidiu entrar com um processo contra a Forbes. Contudo, em apenas alguns meses, desistiu da briga.
Em 2022, essa história voltou para os holofotes quando a Reuters fez um relatório detalhado com fontes e documentos que comprovam a fala da Forbes. Ou seja, a Binance.US teria sim sido lançada com o intuito de enganar os reguladores.
Há diferença entre a Binance Global e a dos Estados Unidos?
Com CEOs abandonando os cargos na Binance.US e as acusações da Reuters e da Forbes, é natural que investidores tenham essa dúvida. Para responder a essa pergunta, o Dirdy Bubble analisou os dados de transferências blockchain das empresas.
Como resultado da pesquisa, não haveria separação entre as duas entidades. Isso porque a Binance.US transfere os depósitos dos clientes para a exchange cripto global.
Além disso, o estudo revelou que as negociações que deveriam ocorrer na empresa sediada nos Estados Unidos, supostamente, ocorrem na plataforma principal.
No dia 17 de dezembro, por exemplo, a Binance US suspendeu saques de stablecoins lastreadas no dólar americano. A exchange cripto teria feito esse movimento porque não possuía USDT suficiente para retirada de seus clientes, pois o saldo na stablecoin da Tether da Binance.US caiu para o nível mais baixo de todos os tempos.
Conforme observado pelo perfil no Twitter @jconorgrogan, os saques voltaram a ser ativos logo após a empresa sediada nos EUA receber uma transferência de US$9 milhões em USDT através de carteiras da Binance Global.
Se as empresas são entidades separadas, por qual motivo a exchange principal enviou dinheiro para que a plataforma dos Estados Unidos conseguisse honrar com o saque de clientes.
Transferências de criptomoedas
Outro fator interessante levantado pelo Dirdy Bubble é que o endereço rail da Binance, desde que foi criado em 2020, serviu apenas para mandar fundos para a sua offshore. A carteira movimentou mais de US$1.4 bilhão em Ethereum (ETH), USDT, USDC e Polygon (MATIC) para fazer o envio para a plataforma nos Estados Unidos.
Um segundo endereço, que faz o trabalho oposto, foi descoberto. O mesmo foi criado em 2021 e já enviou cerca de US$1.9 bilhão da Binance.US para a empresa de cripto global. Nesse sentido, a offshore estaria enviando dinheiro de seus clientes para a exchange principal.
Em resumo, esses fatores mostram como a Binance.US é mais um fake do mercado cripto e que não há diferença entre os depósitos feitos em ambas empresas. Afinal, todos eles se misturam.