O aperto monetário de 2023 parece estar com os dias contados. Ao encerrar o ano, o Federal Reserve (Fed) deu sinais de um futuro mais doce para as taxas de juros, com a possibilidade de até três cortes ao longo de 2024. Mas será que será tão fácil assim?
Enquanto o Fed projeta três quedas suaves, o mercado financeiro já antecipa 200 pontos-base de afrouxamento, com a festa podendo começar logo em março. Analistas e bancos, entretanto, parecem cautelosos, inclinando-se por um ritmo mais condizente com o discurso oficial.
“Um corte em março enviaria a mensagem de que a recessão é iminente, e ninguém quer isso“, observa Colin Cieszynski, estrategista da SIA Wealth Management. Isso porque, apesar da expectativa de cortes, o mercado confia em uma economia relativamente estável no próximo ano.
O paradoxo é realçado por Sameer Samana, estrategista do Wells Fargo: “Ou a desaceleração econômica retoma a força e reacende a inflação, ou a aterrissagem suave é passageira e se aprofunda, levando-nos a um cenário bem pior“.
De um lado, pesos pesados como o TD Securities e o Commerzbank apostam em 250 e 200 pontos-base de cortes, respectivamente, com o primeiro movimento já em maio. Do outro, o próprio Fed hesita em pisar no freio com tanta brusquidão.