Após mais de dois anos do colapso da FTX, os usuários argentinos começaram a receber os reembolsos relativos aos fundos perdidos na plataforma. Os pagamentos, que foram iniciados globalmente em fevereiro deste ano para valores abaixo de US$ 50 mil, finalmente chegaram aos traders na Argentina. No entanto, a recuperação inclui apenas os valores originais investidos na época, sem qualquer acréscimo referente a juros.
Na Argentina, muitos traders relataram perdas significativas, como o caso de um usuário que perdeu US$ 44 mil. A FTX, na época, era vista como uma plataforma promissora para traders que buscavam oportunidades no mercado de criptomoedas e acreditavam que poderiam obter lucros expressivos.
O sentimento era de que o mercado de criptoativos era uma oportunidade de riqueza rápida, e a falência da exchange pegou muitos de surpresa. De acordo com um relato publicado pelo jornal La Nación, um desses traders, ao perceber que não conseguiria recuperar seus fundos, compartilhou sua frustração: “Eu tinha US$ 44 mil, queria chegar a US$ 100 mil, e me roubaram o dinheiro”, afirmou. Ele explicou que, embora no início tenha ficado ansioso e revoltado, depois de um tempo aceitou a perda, tratando-a como irreversível.
Enquanto isso, o processo de reembolso, que também afeta outros países, tem sido feito de forma rápida para valores inferiores a US$ 50 mil, utilizando plataformas como BitGo e Kraken. A FTX conseguiu injetar US$ 1,2 bilhão no mercado global, e a primeira fase de distribuição dos reembolsos movimentou aproximadamente US$ 17 bilhões, um valor que inclui os pagamentos de traders veteranos. Esse movimento inicialmente gerou expectativa de uma recuperação no mercado, conhecida como altseason, mas essa recuperação ainda não se materializou.
Embora a FTX tenha começado a processar reembolsos de valores superiores a US$ 50 mil, a Kraken confirmou que esses pagamentos começarão em 30 de maio. A situação de incerteza é ainda mais complexa, pois a plataforma também enfrentou disputas legais, como o processo contra a Binance, que envolvia transferências fraudulentas no valor de US$ 1,76 bilhão.
A análise do impacto da falência da FTX no mercado de criptomoedas mostra uma dinâmica distinta. Especialistas, como o analista Miles Deutscher, destacam que, apesar das notícias otimistas, o mercado tem reagido de maneira apática. A confiança foi abalada, e os investimentos não fluem com a mesma intensidade de antes. A queda no preço de tokens como o SOL, logo após o colapso da FTX e a revelação de suas conexões com a Alameda Research, é um exemplo da instabilidade gerada pelo evento.
O cenário para os reembolsos tem se mostrado mais difícil para os usuários fora dos Estados Unidos, especialmente devido à complexidade jurídica e aos atrasos nos pagamentos. A expectativa de uma recuperação robusta está em declínio, refletindo a falta de confiança no setor.
