Meta voltou a considerar o uso de stablecoins como alternativa para facilitar pagamentos, e tem sondado empresas de infraestrutura cripto com esse objetivo. A big tech, segundo fontes próximas ao assunto, ainda está nos estágios iniciais das conversas, mas demonstra interesse crescente no tema, motivada pela crescente relevância global desses ativos digitais.
O movimento ocorre em um momento de expansão significativa no setor de stablecoins. A Stripe, por exemplo, adquiriu recentemente a startup Bridge por US$ 1,1 bilhão, enquanto a gigante Fidelity revelou estar desenvolvendo sua própria stablecoin. Tais iniciativas refletem como instituições financeiras tradicionais vêm reconhecendo o potencial das stablecoins, especialmente para transações internacionais mais eficientes e com taxas reduzidas.
Embora as negociações ainda estejam em fase exploratória, três fontes informaram que a Meta iniciou contatos com empresas do ecossistema cripto no início deste ano. O foco das conversas gira em torno da capacidade das stablecoins de facilitar pagamentos transfronteiriços sem os altos custos associados a métodos tradicionais, como transferências bancárias internacionais.
Internamente, a Meta está estruturando sua equipe para essa nova frente. A companhia contratou Ginger Baker como vice-presidente de produto, uma executiva com sólida experiência no setor financeiro digital. Baker foi executiva na Plaid, uma empresa de tecnologia financeira, e atualmente integra o conselho da Stellar Development Foundation, organização conhecida por sua atuação no universo cripto.
De acordo com uma das fontes, a expertise de Baker está sendo essencial para orientar a empresa nesse processo. Ainda que a Meta esteja em modo de aprendizado (“learn mode”), há especulações de que, caso avance com os pagamentos em stablecoins, a companhia possa optar por trabalhar com múltiplos ativos digitais em vez de se limitar a uma única opção, como o USDC da Circle.
Esse novo esforço da Meta remete a uma tentativa anterior de se inserir no mercado de moedas digitais. Em 2019, a empresa anunciou o ambicioso projeto Libra, que consistia em um consórcio formado por empresas como Uber e PayPal e previa o lançamento de uma stablecoin apoiada por diversas moedas fiduciárias. A iniciativa foi rebatizada para Diem em 2020, mas acabou sendo encerrada em 2022 após forte resistência de reguladores dos EUA e da Europa, preocupados com o impacto de uma moeda digital controlada por uma empresa com o alcance global do Facebook.
Apesar do fim do projeto, os idealizadores do Diem não desistiram facilmente. Eles tentaram reposicionar a proposta, reduziram os objetivos iniciais, minimizaram o envolvimento do Facebook e contrataram uma equipe de lobby para defender o novo modelo — esforços que, ainda assim, não foram suficientes para convencer as autoridades.
Agora, com um cenário mais amadurecido para a adoção de stablecoins, a Meta parece disposta a retomar seus planos com mais cautela e um perfil mais discreto, testando o terreno antes de dar qualquer passo definitivo.