Uma megaoperação liderada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), em conjunto com a Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), culminou na apreensão de R$ 5,5 milhões em criptoativos e no bloqueio de R$ 32 milhões em USDT, uma stablecoin lastreada no dólar. A ação, denominada Operação Magna Fraus, foi realizada nos dias 15 e 16 de julho com o objetivo de desmantelar uma sofisticada rede criminosa responsável por fraudes massivas no sistema financeiro brasileiro.
As investigações foram impulsionadas após a descoberta de um grupo que explorava vulnerabilidades tecnológicas em empresas que fazem a ponte entre instituições financeiras e o Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), por onde transitam as operações via PIX. O modus operandi incluía invasões eletrônicas e fraudes sofisticadas, com foco em bancos e fintechs. Em uma das ações identificadas, o prejuízo ao sistema financeiro chegou à cifra impressionante de R$ 500 milhões em apenas três horas.
A lavagem de dinheiro era um dos principais mecanismos utilizados pelos envolvidos, que transferiam os valores obtidos ilicitamente para criptoativos, dificultando o rastreamento. A conversão em moedas digitais fazia parte da estratégia para ocultar a origem dos recursos desviados.
Durante o cumprimento de mandados em Goiás e no Pará, os agentes encontraram a chave privada que permitia acesso às criptomoedas do grupo, o que viabilizou a transferência desses ativos para a custódia do MPSP. A operação também resultou na apreensão de veículos, dinheiro em espécie, armas de fogo, além do cumprimento de dois mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão.
A empresa Tether, emissora da criptomoeda USDT, colaborou ativamente com as autoridades, bloqueando o equivalente a R$ 32 milhões em ativos vinculados aos investigados. Os envolvidos poderão responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático, furto mediante fraude, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.
Um dos aspectos mais graves da investigação é a conexão direta com o ataque cibernético ao Banco Central, ocorrido no início de julho. Na ocasião, hackers conseguiram desviar mais de R$ 1 bilhão de diversas instituições financeiras. Um dos suspeitos, funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços ao Banco Central, admitiu ter vendido sua senha por R$ 15 mil, facilitando o acesso dos criminosos ao sistema da autarquia.
O Ministério Público e a Polícia Federal continuam atuando em conjunto para rastrear os demais envolvidos, ampliar o bloqueio de bens ilícitos e fortalecer o processo de responsabilização criminal. Os valores apreendidos em criptoativos serão convertidos e depositados em uma conta judicial, à disposição da Justiça.