Uma nova investigação conduzida por ZachXBT, reconhecido por sua atuação independente no rastreamento de crimes envolvendo criptomoedas, trouxe à tona os métodos utilizados por um golpista que teria desviado mais de US$ 4 milhões (cerca de R$ 22 milhões) de clientes da Coinbase. O autor do esquema, identificado como Christian Nieves, agia na internet sob os apelidos Daytwo e PawsOnHips, e se especializou em fraudes por engenharia social.
A operação liderada por Nieves envolvia um pequeno call center que simulava ser o suporte oficial da exchange Coinbase. Os golpistas enganavam usuários, levando-os a acreditar que estavam recebendo ajuda legítima. Com isso, induziam as vítimas a configurar suas carteiras na plataforma com frases-semente comprometidas, previamente digitadas em sites de phishing manipulados pelos criminosos.
De posse das chaves privadas, Nieves passou a movimentar os ativos digitais subtraídos. Parte dos valores foi usada para adquirir bens de luxo, mas a maior parte parece ter sido direcionada a jogos de azar em cassinos online. A investigação aponta que o golpista era usuário frequente da plataforma Roobet, onde costumava apostar enquanto fazia chamadas no Discord com amigos, durante as quais compartilhava a tela e discutia abertamente sobre lavagem de dinheiro — frequentemente mostrando o próprio rosto.
A análise on-chain feita por ZachXBT permitiu mapear mais de 30 transações consideradas suspeitas, somando milhões de dólares. Muitos desses fundos foram rastreados até o Roobet e também para conversões em Monero (XMR), uma criptomoeda conhecida por oferecer alto grau de anonimato nas transações.
Um dos episódios mais impactantes ocorreu em novembro de 2024, quando uma vítima idosa perdeu US$ 240 mil. A autoria desse golpe é atribuída a um cúmplice de Nieves, chamado Justin, que operava com o codinome Paranoia. ZachXBT conseguiu obter uma gravação privada do momento do roubo e traçou os caminhos exatos do dinheiro. Segundo ele, o montante foi dividido em três porções — uma enviada para o cassino online, outra convertida em XMR.
A conexão entre a identidade real de Nieves e seus perfis digitais também foi comprovada. O investigador descobriu que o criminoso comprou um Corvette com parte do dinheiro roubado e adesivou o veículo com o nome do seu perfil no Instagram: “daytw00000”. A atitude imprudente acabou servindo como evidência direta da associação entre o nome verdadeiro e o pseudônimo utilizado nas fraudes.
Em tom de desafio, Daytwo chegou a reconhecer a vigilância de ZachXBT. Em uma clara provocação, publicou no Instagram uma foto onde exibia o dedo do meio para o perfil do investigador no X, usando a imagem como capa da rede social.
