Uma recente operação da Brigada Antinarcóticos no bairro de La Cisterna, em Santiago, revelou um cenário peculiar. Enquanto a polícia estava esperando encontrar substâncias ilegais após sua terceira incursão contra esse grupo, eles também se depararam com uma descoberta tecnológica.
Na residência, além dos 36 quilos de maconha, 43 gramas de cetamina e um equipamento para produzir comprimidos de ecstasy, um conjunto de máquinas ruidosas e quentes chamou a atenção. Especialistas em crimes digitais foram acionados e identificaram o equipamento como um centro de mineração de Bitcoin.
Eduardo Gatica, líder da operação, mostrou-se surpreso ao relatar o caso ao El Mostrador. Segundo ele, era a primeira vez que viam a mineração de criptomoedas associada de maneira tão direta ao tráfico de drogas.
A mecânica por trás da mineração de Bitcoin é complexa. Envolve computadores, chamados ASICs, competindo para solucionar problemas matemáticos. Quem vence essa corrida consegue adicionar um bloco ao blockchain do Bitcoin e é recompensado com 6,25 BTC, que, no momento, equivale a aproximadamente US$ 27.210 cada.
Das máquinas encontradas, 19 foram apreendidas, mas apenas dez estavam em operação. Luis Orellana, especialista em crimes digitais, indicou que a limitação da rede elétrica local impediu o funcionamento simultâneo de todos os equipamentos.
As suspeitas apontam que os equipamentos de mineração poderiam estar ligados à lavagem de dinheiro. Os criminosos, possivelmente, compravam as máquinas com lucros do tráfico e, em seguida, convertiam os rendimentos da mineração em pesos chilenos.
Carlos Yáñez Díaz, promotor local, considerou essa junção de tráfico e mineração de Bitcoin como uma estratégia inédita. No entanto, as relações entre atividades criminosas e criptomoedas não são novas no Chile. Uma facção criminosa, Trem de Aragua, já havia sido associada a ativos digitais, possuindo um montante avaliado em cerca de US$ 4,5 milhões.
