Perante o aumento das tensões nucleares entre Israel e Irã, um novo modelo de inteligência artificial, o ChatGPT o3, foi treinado com dados específicos e uma estrutura analítica para avaliar como uma possível guerra nuclear poderia impactar o ecossistema global de criptomoedas. O levantamento considerou dois cenários principais: um ataque nuclear tático, mais localizado, e um conflito nuclear em larga escala.
O relatório aponta que, no caso de um ataque tático, haveria impactos diretos sobre exchanges regionais, nós da blockchain e rampas de acesso a moedas fiduciárias nas áreas afetadas. Ainda assim, a estrutura global das redes blockchain garantiria, em grande parte, a continuidade das operações essenciais. Apesar disso, o próprio choque psicológico no mercado seria capaz de provocar quedas rápidas de até 30% nos principais ativos digitais, desencadeando ondas de pânico, vendas forçadas e liquidações automáticas.
Por outro lado, um conflito nuclear generalizado representaria riscos muito mais graves. Segundo o modelo, o uso de pulsos eletromagnéticos (EMPs) poderia provocar a destruição de infraestrutura elétrica e de internet em grandes proporções, comprometendo a espinha dorsal da conectividade global. Nesse cenário, a manutenção da blockchain dependeria de soluções emergenciais, como nós operando fora da rede elétrica convencional, satélites e sistemas de comunicação alternativos. Mesmo assim, seriam esperadas consequências como fragmentação dos livros contábeis, atrasos em transações e degradação severa do desempenho da rede.
Esse tipo de ameaça foi evidenciado com os movimentos de mercado observados recentemente durante os ataques aéreos entre Israel e Irã. No dia 12 de junho, por exemplo, explosões registradas em Teerã resultaram em um recuo expressivo do Bitcoin, que caiu mais de 4% em 24 horas — saindo de US$ 106.042 para US$ 103.053 — antes de se estabilizar próximo a US$ 104.370, segundo dados da CoinMarketCap.
A reação não ficou restrita ao Bitcoin. O valor total de mercado das criptomoedas encolheu 3%, enquanto Ethereum e Solana apresentaram perdas de aproximadamente 7%, e Dogecoin desvalorizou 6% no mesmo intervalo. O efeito cascata foi intensificado pela liquidação de mais de US$ 1,16 bilhão em posições alavancadas, configurando um dos dias mais devastadores para os traders de cripto nos últimos meses.
Diante do aumento das tensões, investidores buscaram ativos considerados mais seguros, como ouro e petróleo, enquanto ativos de maior risco, como criptomoedas, foram duramente penalizados. Esse comportamento reforça uma das principais teses do modelo de IA: os mercados digitais ainda são extremamente sensíveis a choques psicológicos e problemas de liquidez em cenários de risco geopolítico extremo.
A análise também levanta uma comparação entre as redes baseadas em proof-of-work (PoW) e proof-of-stake (PoS) diante de crises desse porte. No caso do Bitcoin e de outras criptos que dependem de PoW, a dependência de grandes estruturas de mineração, muitas vezes concentradas geograficamente, pode ser uma vulnerabilidade crítica. Interrupções no fornecimento de energia ou na internet em regiões-chave podem reduzir drasticamente o poder computacional da rede, deixando-a temporariamente inoperante até que haja restabelecimento dos sistemas ou ativação de contingências.
Apesar disso, o caráter descentralizado das blockchains PoW oferece algum grau de resiliência: enquanto houver nós funcionando, a possibilidade de recuperação total permanece viável.
Já redes baseadas em PoS, como Ethereum, apresentam certas vantagens estruturais nesses contextos. Por serem menos dependentes de consumo energético elevado e possuírem validadores mais distribuídos geograficamente, essas redes teriam uma probabilidade maior de se manter operacionais durante uma crise severa. Entretanto, também carregam vulnerabilidades próprias — principalmente no que se refere à dependência de oráculos e feeds de dados externos. Se esses sistemas falharem, contratos inteligentes podem executar ações incorretas, como bloqueios de ativos, liquidações equivocadas e colapsos generalizados na liquidez dos mercados descentralizados (DeFi).
O relatório do modelo o3 deixa claro: embora a infraestrutura descentralizada das criptomoedas ofereça certa robustez, um cenário de guerra nuclear — seja ele limitado ou total — colocaria à prova os limites operacionais, tecnológicos e psicológicos do mercado cripto global.