Recentemente, o indicador Hash Ribbon, uma métrica on-chain desenvolvida para identificar períodos de capitulação dos mineradores e suas subsequentes recuperações, gerou um sinal otimista para o Bitcoin. A novidade foi rapidamente destacada por várias figuras influentes da comunidade BTC, que sugeriram, por meio de publicações no X, que esse sinal pode marcar uma virada no mercado.
O Hash Ribbon foi criado por Charles Edwards, um analista on-chain, e é composto por duas médias móveis (geralmente, as médias de 30 e 60 dias da taxa de hash do Bitcoin). O objetivo desse indicador é identificar quando a dificuldade de mineração e o poder de hash podem ter passado por uma capitulação, seguida por um processo de recuperação. Tradicionalmente, um sinal de “compra” é acionado quando a média móvel de 30 dias cruza para cima da de 60 dias, indicando que o período de dificuldades enfrentadas pelos mineradores pode estar chegando ao fim.
De acordo com dados históricos, sinais significativos de compra frequentemente surgiram após quedas acentuadas no mercado, muitas vezes coincidindo com os fundos dos ciclos de preço. Embora o indicador não seja infalível, ele tem sido eficaz ao identificar os pontos mais baixos em várias ocasiões, como em 2011–2012, durante o fundo do mercado de baixa de 2014–2015, ao redor do fundo de $3.000 no final de 2018 e início de 2019, e próximo da região dos $29.000 em meados de 2021.
Logo após o mais recente cruzamento de médias móveis, o influente comentarista Bitcoin Archive destacou em seu perfil: “O HASH-RIBBON DO BITCOIN EMITE SINAL DE COMPRA – Este é um dos indicadores de ‘compra’ mais confiáveis. Grandes ganhos de preço seguiram 7 de cada 7 vezes que esse sinal foi acionado.” A postagem chamou a atenção de muitos, incluindo Edwards, que retweetou a mensagem, sendo interpretado por muitos como uma validação do que foi afirmado.
Em resposta à publicação, outro usuário trouxe mais números, afirmando que o sinal foi acionado apenas 20 vezes na história do Bitcoin, e que em 17 dessas 20 vezes, o último fundo local não foi violado em termos de fechamento. De acordo com ele, mesmo que o preço pudesse testar os fundos ou até mesmo cair abaixo deles momentaneamente, 85% das vezes o fundo já estava estabelecido, com o preço seguindo em alta depois disso.
Enquanto alguns celebram o sinal positivo, outros permanecem céticos, como Jamie Coutts, analista-chefe da Real Vision. Coutts enfatizou a importância de observar múltiplas métricas on-chain, mesmo com o Hash Ribbon indicando otimismo. Embora o indicador seja amplamente acompanhado, ele destacou que as métricas com correlação histórica mais forte com o desempenho futuro do preço ainda não estão mostrando sinais de alta substanciais, um reflexo da atividade on-chain mais morosa.
Além disso, muitos indicadores on-chain não atingiram os níveis observados em ciclos anteriores, mesmo quando o preço do Bitcoin chegou perto dos $110.000 em meados de janeiro. O que levanta questionamentos sobre a confiabilidade de certos sinais tradicionais, que também não alcançaram os picos de outros ciclos de alta.
Tony Severino, um técnico de mercado certificado (CMT) e chefe de pesquisa da NewsBTC, também expressou uma visão mais cautelosa sobre o futuro do Bitcoin. Severino, que recentemente adotou uma postura mais pessimista, acredita que o comportamento do preço e as métricas on-chain não suportam as narrativas otimistas vistas em ciclos passados.
Para ele, a ideia de que o Bitcoin sempre precisa atingir extremos históricos em indicadores é perigosa. Ele apontou que sinais de baixa podem ser identificados quando os preços alcançam novos máximos, mas os indicadores técnicos falham em confirmar essa alta. “Os indicadores que eu utilizo são claramente negativos, ponto”, afirmou em uma publicação no X.
Essa visão crítica de Severino sugere que as divergências — quando o preço sobe, mas os indicadores falham em seguir essa tendência — podem sinalizar um esgotamento do mercado, trazendo uma cautela extra para aqueles que veem o recente sinal do Hash Ribbon como uma garantia de recuperação.
