No primeiro trimestre de 2025, o Mercado Livre reforçou sua aposta no Bitcoin ao adquirir mais 157,7 unidades da criptomoeda, ampliando significativamente sua posição no mercado cripto. A movimentação foi revelada discretamente em um documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) na quinta-feira (8), já que a companhia está listada na bolsa americana Nasdaq.
Essa nova aquisição eleva o total de bitcoins da empresa para 570,4 BTC, um avanço notável em relação aos 412,7 BTC registrados até o final de 2024. Considerando o preço atual da criptomoeda, esse montante está avaliado em aproximadamente R$ 331 milhões. Com esse número, o Mercado Livre passa a ocupar a 33ª posição entre as empresas com maior volume de Bitcoin em caixa no mundo.
A movimentação é a primeira expansão na reserva de bitcoins da companhia desde sua entrada no setor em 2021, quando comprou 470 BTC e se destacou como uma das pioneiras globais na adoção institucional da criptomoeda. Ao contrário do movimento recente, naquela ocasião a compra foi amplamente divulgada ao público. Já agora, o reforço na posição foi descoberto apenas por meio do relatório financeiro, sem qualquer anúncio oficial por parte da empresa.
Além do Bitcoin, o balanço do Mercado Livre também mostra a posse de 3.050 unidades de Ether (ETH), criptomoeda da rede Ethereum. No entanto, essa quantia permaneceu estática, sinalizando que a companhia não demonstrou o mesmo interesse em ampliar sua exposição a esse ativo. Estimado em cerca de R$ 44,6 milhões na cotação atual, o estoque de ETH tem tido um desempenho mais tímido neste ciclo de mercado, ao contrário do Bitcoin, que voltou a ganhar força e atingir novos patamares.
A estratégia adotada pelo Mercado Livre parece refletir uma visão mais focada no Bitcoin, alinhando-se à narrativa crescente do “somente Bitcoin” que tem conquistado espaço entre grandes investidores e instituições. Embora não siga os passos agressivos da MicroStrategy — liderada por Michael Saylor, cuja empresa lidera em volume de BTC —, o Mercado Livre reforça seu compromisso com a principal criptomoeda do mercado.
O envolvimento do Mercado Livre com o ecossistema cripto vai além da simples aquisição de ativos digitais. Em 2022, a empresa investiu na exchange Mercado Bitcoin, fortalecendo ainda mais sua presença no setor. No mesmo ano, passou a oferecer, por meio do Mercado Pago, serviços de compra e venda de criptomoedas para seus clientes, o que resultou em mais de 1 milhão de usuários ativos em criptoativos no Brasil.
De acordo com um relatório recente da Anbima, os bancos se tornaram o principal canal de entrada dos brasileiros no mercado de criptomoedas. Nesse cenário, o papel do Mercado Pago tem sido crucial para a popularização desses ativos no país, especialmente por sua ampla base de usuários e integração com o ecossistema de pagamentos da companhia.
Com essa nova movimentação, o Mercado Livre reafirma seu protagonismo entre as empresas da América Latina na adoção institucional de criptomoedas, posicionando-se como uma das líderes da transformação digital financeira na região.