O mercado de tokens de privacidade está passando por mudanças significativas, com um número recorde de remoções por parte de exchanges centralizadas em 2023. Esse aumento nas exclusões atingiu o maior nível desde 2021, conforme apontado em um relatório recente da Kaiko, que analisou as remoções de tokens como Monero (XMR), Dash (DASH), Decred (DCR), Mask (MASK), Rose (ROSE) e Zcash (ZEC).
Entre os tokens analisados, o Monero (XMR) foi o mais afetado, registrando um crescimento de seis vezes no número de remoções em comparação ao ano anterior. Dash (DASH) também enfrentou um número elevado de exclusões, ocupando a segunda posição nessa lista de tokens mais impactados. De maneira geral, a retirada desses tokens das exchanges está diretamente relacionada ao aumento da pressão regulatória que essas plataformas enfrentam em diferentes regiões ao redor do mundo.
Um dos principais fatores por trás dessa tendência de exclusão é a intensificação das exigências regulatórias sobre tokens de privacidade em vários países. No Japão, por exemplo, a negociação desses ativos foi proibida já em 2018. Em anos subsequentes, outros países seguiram esse caminho: em 2020, Austrália e Coreia do Sul começaram a apertar o cerco sobre as exchanges que ofereciam esses tokens. Mais recentemente, o Oriente Médio e a Europa também implementaram medidas rigorosas. Os Emirados Árabes Unidos (EAU) introduziram regulamentações cripto no ano passado, enquanto a União Europeia adotou a regulação Markets in Crypto-Assets (MiCA), ambas proibindo tokens de privacidade.
Com essa crescente onda de restrições, diversas exchanges têm optado por remover esses ativos de suas plataformas para evitar complicações legais. Kraken, por exemplo, suspendeu a negociação de pares com XMR para usuários europeus. Já a Binance, uma das maiores exchanges do mundo, eliminou completamente o token Monero da sua lista de ofertas. Outras plataformas também seguiram essa direção. OKX encerrou suas negociações de tokens de privacidade no início deste ano, e Huobi começou a fazer o mesmo em setembro de 2022, ambos citando as exigências regulatórias como o motivo principal.
Apesar dessa tendência, algumas plataformas que operam em regiões com menor fiscalização têm absorvido parte do volume de negociação dos tokens de privacidade. Exchanges como Poloniex e Yobit, que enfrentam menos pressão regulatória, se destacaram por capturar uma fatia crescente do mercado desses ativos. Em 2021, essas duas exchanges representavam 18% do volume de negociação dos principais tokens de privacidade. Agora, esse número saltou para cerca de 40%, de acordo com o relatório da Kaiko.
Essa alta demanda nessas plataformas também gerou uma escassez de liquidez nos livros de ordens, indicando que, embora estejam disponíveis em menos exchanges, os tokens de privacidade continuam a atrair o interesse dos investidores.