Um homem de 32 anos de New South Wales foi preso pela Polícia Federal Australiana (AFP) no dia 17 de setembro, como parte da Operação Kraken, por ser o suposto criador e administrador do aplicativo Ghost, uma plataforma de comunicação criptografada utilizada por criminosos. A prisão do suspeito e a apreensão de cerca de US$ 6,4 milhões em criptomoedas foram possíveis após especialistas da AFP conseguirem quebrar a seed phrase (frase de recuperação) associada às carteiras digitais do indivíduo, encontrada durante a invasão de sua residência em Narwee.
O Ghost foi criado há nove anos, mas apenas em 2022 as autoridades tiveram a oportunidade de agir contra o aplicativo. A plataforma passou a ser alvo de uma força-tarefa internacional coordenada pela Europol e liderada pelo FBI e a Gendarmaria Nacional Francesa. Vários órgãos de diferentes países, como a Polícia Federal Australiana, a Polícia Montada Real Canadense (RCMP), a Autoridade Policial Sueca, a Polícia Nacional Holandesa, a Garda Síochána da Irlanda, o Serviço Central de Antidrogas da Itália e a Polícia Islandesa, uniram-se na luta contra essa rede criminosa.
A investigação avançou significativamente quando a AFP conseguiu infiltrar-se na plataforma Ghost, alterando atualizações enviadas pelo suspeito para infectar dispositivos e, assim, acessar os conteúdos armazenados neles. Isso permitiu que a polícia obtivesse informações vitais para a Operação Kraken, com a maioria dos suspeitos ligados à plataforma sendo encontrados em New South Wales, embora também houvesse envolvimento de indivíduos em Victoria, Austrália Ocidental, Austrália do Sul e no Território da Capital Australiana (ACT).
Além da prisão, a AFP conseguiu mover os ativos digitais para uma unidade de armazenamento seguro sob a Lei de Produtos do Crime de 2002. Essa apreensão foi a segunda ocorrida no âmbito da Operação Kraken, que já havia confiscado aproximadamente US$ 1,4 milhão em criptomoedas e propriedades em uma investigação anterior na Austrália Ocidental.
Desde o início da Operação Kraken, a AFP já efetuou 46 prisões, conduziu 93 mandados de busca, apreendeu 30 armas ilegais, além de confiscar US$ 1,6 milhão em dinheiro e reter cerca de US$ 7,65 milhões em ativos. O comandante interino Scott Raven destacou a eficácia da colaboração entre a AFP e seus parceiros da Criminal Assets Confiscation Taskforce (CACT) na luta contra o crime organizado, ressaltando as capacidades técnicas e legais da equipe no combate às redes criminosas.
A importância dessa operação está não apenas na apreensão dos bens, mas também no enfraquecimento de uma plataforma que possibilitava a comunicação segura de criminosos. A participação de várias autoridades internacionais demonstra a gravidade do caso e o esforço global para conter o uso de tecnologias que favorecem atividades ilícitas com criptomoedas.