No horizonte da indústria musical, um novo amanhecer é tecido pela interação da criatividade humana e da tecnologia de inteligência artificial (IA). A convergência da IA e da música agora é endossada pela Recording Academy, que regula a premiação Grammy. As canções contendo elementos criados por IA são agora consideradas para indicação na prestigiosa competição musical de 2024, uma decisão que pode ter implicações de longo alcance.
A decisão, no entanto, não é sem seus matizes, como esclareceu Harvey Mason Jr., o presidente e CEO da Recording Academy. Apesar da elegibilidade das obras que contêm elementos gerados por IA, a IA em si não será objeto de premiação ou indicação. O exemplo que ele deu foi, se os vocais principais de uma faixa são realizados por um modelo de voz AI, essa faixa poderia concorrer na categoria de composição, mas não em performance.
Mason explicou que isso é assim porque a IA não é uma criação humana. Porém, qualquer contribuição significativa de um humano ainda será reconhecida. Isso aponta para o fato de que a tecnologia é vista como um meio de realçar a criatividade humana, não de substituí-la.
A decisão segue uma atualização das regras e critérios de elegibilidade da Recording Academy em 28 de junho, que estipulou que qualquer trabalho sem autoria humana não seria elegível para qualquer categoria. A IA tem sido cada vez mais prevalente, especialmente após o lançamento e uso generalizado do chatbot de IA ChatGPT em novembro de 2022.
O papel da IA na música tem sido motivo de debate entre os artistas. Alguns, como a cantora Grimes, têm uma atitude aberta, chegando a oferecer uma divisão dos royalties com qualquer pessoa que use uma faixa de voz dela em uma música de sucesso. No entanto, outros, como o rapper Ice Cube, rejeitam a ideia, prometendo medidas legais contra aqueles que imitam sua voz com IA.
A Recording Academy vem refletindo sobre como abordar a questão da IA, incluindo a realização de uma cúpula sobre o futuro da IA na música. A evidência dessa presença crescente da tecnologia na música foi fornecida por Paul McCartney, que revelou que o último álbum dos Beatles foi produzido com a ajuda da IA para imitar a voz de John Lennon.
