O mercado de criptomoedas pode estar entrando em uma nova fase de declínio, segundo diferentes vozes influentes do setor. Um relatório recente da Coinbase, maior corretora de ativos digitais dos Estados Unidos, sinaliza que diversos fatores estão se alinhando para caracterizar o início de mais um “inverno cripto” — como é chamado o período prolongado de desvalorização e estagnação nesse segmento.
Embora o preço atual do Bitcoin, negociado por volta de US$ 84.000, represente uma leve recuperação em relação à mínima da semana anterior (US$ 74.500), ainda está distante do seu recorde histórico, que chegou a US$ 109.300 em janeiro. O movimento recente nos gráficos, com topos e fundos cada vez mais baixos, indica uma tendência de queda de curto prazo.
Mas não é apenas a oscilação dos preços que preocupa. Segundo a Coinbase, há sinais mais profundos e estruturais por trás da atual fase negativa. O relatório aponta que o valor de mercado total das criptomoedas, desconsiderando o Bitcoin, caiu para US$ 950 bilhões — uma retração expressiva de 41% em comparação ao pico registrado em dezembro de 2024. Para se ter uma ideia da gravidade, esse patamar de capitalização está inferior ao observado em boa parte do intervalo entre agosto de 2021 e abril de 2022, outro momento de instabilidade no setor.
A corretora também observa um desânimo generalizado entre investidores, refletido na queda drástica no volume de investimentos em startups e projetos ligados à tecnologia blockchain. O financiamento por meio de capital de risco, por exemplo, caiu entre 50% e 60% na comparação com o ciclo anterior, impactando principalmente o desenvolvimento e valorização de altcoins — as criptomoedas alternativas ao Bitcoin.
Esse enfraquecimento do mercado, segundo os analistas da Coinbase, deve se manter pelo menos nas próximas quatro a seis semanas. Eles recomendam cautela redobrada durante esse período, especialmente diante da deterioração do sentimento financeiro, considerado o mais negativo desde o início da pandemia em 2020.
Além das análises da Coinbase, outros especialistas também compartilham perspectivas preocupantes. Ki Young Ju, CEO da empresa de análise on-chain CryptoQuant, declarou recentemente que o Bitcoin já entrou oficialmente em um mercado de baixa, também conhecido como bear market. Já Arthur Hayes, fundador da corretora BitMex, avalia que uma retomada mais consistente só deve ocorrer a partir da segunda metade de 2025.
Outro fator que tem pesado nas projeções é a incerteza regulatória nos Estados Unidos, especialmente em relação às tarifas e medidas governamentais que podem afetar diretamente o setor. O temor de que haja novas ações nesse sentido tem aumentado a aversão ao risco entre investidores, agravando o quadro de retração.
Diante desse cenário, o otimismo que marcou o início do ano parece ter dado lugar à prudência. A combinação entre preços em queda, fuga de capital, clima regulatório tenso e deterioração do sentimento dos investidores reforça a tese de que um novo inverno cripto pode já estar em curso.