No dia 3 de fevereiro, o mercado de criptomoedas foi surpreendido por uma queda acentuada do Bitcoin, que caiu abaixo da marca de US$ 92.000. Esse movimento gerou um grande impacto, resultando em uma liquidação massiva de US$ 2,1 bilhões. Inicialmente, o mercado parecia reagir a incertezas econômicas geradas pelo anúncio de uma guerra tarifária feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No entanto, em questão de horas, o foco das preocupações dos investidores se voltou para uma nova dúvida: o Bitcoin já teria alcançado seu pico, iniciando uma possível tendência de queda?
Uma análise do Bitcoin Archive, que chamou atenção dos traders, destacou que, historicamente, todos os ciclos de alta do BTC tiveram seu auge dentro de 330 dias após superarem o valor recorde do ciclo anterior. No caso atual, o dia 4 de fevereiro marcava exatamente o 328º dia desde que o Bitcoin ultrapassou sua máxima histórica. Essa semelhança com os ciclos anteriores gerou ainda mais apreensão entre os investidores, que estavam atentos a sinais de uma possível reversão.
No entanto, a trajetória do Bitcoin não seguiu o caminho do declínio esperado. A moeda se recuperou rapidamente, algo que foi impulsionado por um conjunto de eventos. No dia 3 de fevereiro, foi anunciada uma pausa nas tarifas entre os EUA, México e Canadá, o que trouxe algum alívio ao mercado.
Além disso, o discurso agendado de David Sacks, o Czar de Cripto do presidente Trump, para o dia 4, ajudou a aumentar a confiança. O Índice de Medo e Ganância, que havia caído para 44 (indicando medo), logo subiu para 72 (indicando ganância), refletindo uma rápida recuperação no sentimento dos investidores, apesar de um novo anúncio de tarifas retaliatórias por parte da China no mesmo dia.
Essa recuperação rápida gerou uma reflexão importante: será que o mercado de criptomoedas se recuperou mais rapidamente do que deveria? Embora os desafios econômicos e geopolíticos ainda representem uma ameaça, muitos se questionam se os investidores de Bitcoin não estariam caindo em uma armadilha, uma “bull trap”, onde o otimismo exagerado poderia levar a novas quedas. Para entender melhor a situação, a análise de dados on-chain se torna essencial.
Em termos de demanda, os sinais indicam que o Bitcoin ainda possui um grande apelo entre os investidores. A reação do mercado diante da guerra tarifária revelou que, mesmo com preços históricos elevados, os traders continuam absorvendo as quedas do preço do BTC, o que sugere um forte apetite por novas aquisições.
Segundo uma análise da Glassnode, o comportamento de retração do Bitcoin durante ciclos de alta anteriores indicou que, após correções de cerca de 25%, o preço do BTC frequentemente experimentou uma aceleração nos momentos finais do ciclo de alta. No cenário atual, essa aceleração ainda não ocorreu, o que poderia indicar que o mercado ainda está em uma fase de acumulação antes de uma possível nova fase de euforia. Esse padrão observado em ciclos passados (2011-2015, 2015-2018, e 2018-2022) alimenta a expectativa de que o melhor desempenho do Bitcoin ainda esteja por vir.
Outro aspecto importante na análise da oferta é o comportamento dos investidores de longo prazo. O Limite de Detentores de Longo/Curto Prazo, uma métrica que acompanha a movimentação de capital de detentores antigos para novos investidores, oferece uma visão interessante sobre as dinâmicas do mercado.
Embora os detentores de longo prazo tenham transferido mais de 1 milhão de BTC para novos compradores desde novembro de 2024, a maior parte do fornecimento ainda está em mãos desses investidores, o que indica uma forte confiança no potencial de valorização do Bitcoin. Esse movimento sugere que, ao contrário do que seria esperado em um pico de ciclo, a pressão de venda ainda não se materializou, sinalizando que os investidores estão apostando em preços ainda mais altos no futuro próximo.