A World Liberty Financial (WLFI), protocolo DeFi apoiado pela família Trump, anunciou recentemente a criação de uma reserva estratégica de tokens com o objetivo de fortalecer criptomoedas de destaque, como o Bitcoin e o Ethereum. A medida surge como uma tentativa de dar um novo propósito ao token de governança WLFI, que teve dificuldades em se firmar após seu lançamento em outubro de 2024.
Embora o WLFI tenha quase completado a venda de 20% de sua oferta de 100 bilhões de tokens, com vendas totais atingindo US$ 300 milhões durante o fim de semana da posse de Donald Trump, o token ainda enfrenta críticas. Atualmente, o token possui mais de 80.000 detentores e mais de 119.000 transações registradas. Muitos especialistas questionam a estrutura do WLFI, apontando que ela permite que a família Trump lucre com sua influência política sem oferecer aos detentores do token uma participação real na reserva de ativos.
A World Liberty Financial, que já arrecadou uma considerável quantia de dinheiro, afirmou que o foco agora está em construir a reserva estratégica de tokens, que poderá incluir ativos como TRX, LINK e AAVE. Contudo, nem todos os movimentos têm sido bem-sucedidos: a empresa enfrentou perdas significativas, como a compra de 56.317 ETH a US$ 3.373 por unidade, o que resultou em um prejuízo de cerca de US$ 14 milhões. De acordo com Srikumar Misra, fundador do protocolo de IA Aarna, essas perdas somam mais de US$ 21,78 milhões até o momento.
A reserva de tokens da WLFI, chamada Macro Strategy, foi criada com a intenção de diversificar os ativos da empresa. Embora ainda esteja em fase de desenvolvimento, o projeto busca colaborar com instituições financeiras para incorporar ativos tokenizados à reserva. Para alguns analistas, como Alexander Blume, CEO da Two Prime Digital Assets, a abordagem da World Liberty Financial é vista como uma maneira de utilizar a imagem política da família Trump para atrair interesses globais sem a necessidade de doações políticas diretas ou violação de regras sobre subornos.
Esse movimento da WLFI lembra a estratégia da MicroStrategy, que compra Bitcoin por meio da venda de ações e dívidas conversíveis. No entanto, Blume destaca que, enquanto na MicroStrategy há uma certa regulamentação, no caso da WLFI os detentores de tokens não têm acesso direto aos ativos da reserva, o que levanta preocupações sobre a transparência e os direitos dos investidores. O próprio Blume considera o modelo da WLFI uma estratégia duvidosa, onde os detentores de tokens não podem resgatar seus ativos, pois apenas a gestão da WLFI tem controle sobre a reserva.
A empresa também está em negociações para integrar os ativos tokenizados da Ondo Finance à sua rede, como parte de sua reserva. No entanto, Blume acredita que, apesar dessas aquisições, o modelo subjacente de controle da reserva não muda. Para ele, a WLFI pode ser vista como uma forma de especulação de mercado, onde os investidores tentam seguir os movimentos da empresa, acreditando que ela possui informações privilegiadas sobre futuros investimentos. Essa dinâmica é comparável à compra de ETFs baseados nas movimentações de ações de figuras públicas, como o caso das compras de ações de Nancy Pelosi.
Em resumo, apesar da criação da reserva estratégica de tokens, a WLFI enfrenta uma série de desafios em sua estrutura, sendo alvo de críticas por sua falta de transparência e pela maneira como os tokens são comercializados, sem que os investidores tenham realmente acesso aos ativos que estão sendo acumulados. A tentativa de vincular o projeto às criptomoedas mais renomadas pode trazer benefícios, mas também levanta questões sobre a real finalidade e os benefícios para os investidores que acreditam na proposta.
