Em um ano marcado pelo mercado de baixa no segmento das criptomoedas, deveria ser difícil elencar quais foram as piores moedas do ano, afinal, centenas delas perderam mais de 90% da sua capitalização de mercado.
No entanto, 2022 também foi um ano manchado por graves acontecimentos no setor, como hacks, empresas insolventes e CEOs criminosos, o que facilitou em muito a criação do nosso Top 3 dos piores investimentos do ano.
Sem mais delongas, vamos ver quem subiu ao podium do Bolha Crypto para ganhar as medalhas de bronze, prata e ouro nessa infame competição.
Medalha de bronze: Axie Infinity (AXS)
Axie Infinity é um game baseado na tecnologia blockchain desenvolvido pelo estúdio vietnamita Sky Mavis. O jogo usa duas criptomoedas baseadas em Ethereum, a Axie Infinity Shards (AXS) e Smooth Love Potion (SLP).
Entre o final de outubro e início de novembro de 2021, o jogo viveu o seu maior momento de glória, somando 2 milhões de usuários ativos diariamente. Na ocasião, o principal ativo do jogo, o AXS, chegou a trocar de mãos por US$ 166.
Porém, o mercado de jogos NFT começou um rápido mergulho ao precipício em dezembro daquele mesmo ano, quando um dos principais jogos do segmento, o Crypto Bomb, começou a ruir com o seu modelo de tokenomics se mostrando completamente insustentável.
A situação foi agravada em janeiro de 2022, quando um dos projetos mais populares do setor, o Crypto City – ecossistema que englobava os jogos Crypto Cars, Crypto Planes e Crypto Guards – simplesmente desapareceu junto com seus desenvolvedores, em um amargo golpe de rug pull.
Logo depois, em março, o Axie Infinity viveu um dos maiores hacks da história das criptomoedas, no valor total de US$ 624 milhões roubados. Um hacker, aparentemente, obteve 5 acessos da rede Ronin, ligada ao jogo, e conseguiu transferir 173.600 ETH.
Assim, com todas as bandeiras vermelhas levantadas, o segmento de jogos da blockchain simplesmente implodiu, com fragmentos da bomba resvalando até naqueles jogos que pareciam mais “sérios”.
Por fim, Axie Infinity conseguiu se manter no mercado, mas acumulou no período entre janeiro e dezembro de 2022, uma perda de 93% em sua capitalização de mercado, de acordo com dados do CoinMarketCap.
Medalha de prata: FTX Token (FTT)
FTT é o token nativo da plataforma de negociação de criptomoedas FTX. A corretora do empresário Sam Bankman-Fried lançada em 8 de maio de 2019, também carrega uma data de morte, 12 de novembro de 2022.
Os problemas da FTX começaram a vir a tona quando um relatório do CoinDesk apontou que o bilionário não estava contando toda a verdade sobre a contabilidade das suas empresas.
Segundo o documento, a companhia de trade de criptomoedas Alameda Research, também de Bankman-Fried, mantinha a maior parte dos seus ativos vinculados a moeda FTX Token (FTT), o que não seria proibido, mas bastante suspeito.
Poucos dias depois, Changpeng Zhao (CZ), CEO da Binance, anunciou que ia liquidar US$ 530 milhões em FTTs, criando um sentimento de pânico que levou os clientes a também liquidarem seus ativos, sacando da FTX US$ 6 bilhões em apenas três dias.
Com a corrida bancária desenfreada, a companhia decidiu congelar os saques de criptoativos na corretora, causando caos no mercado como um todo.
A novela FTX/Bankman-Fried ainda teve muitos outros capítulos e grandes reviravoltas. O ex CEO da corretora agora aguarda seu julgamento em prisão domiciliar, após pagar uma fiança de US$250 milhões.
Com todo esse histórico, o FTX Token afundou 90% em apenas 24 horas no dia 8 de novembro, acumulando no período entre novembro e dezembro, cerca de 98% de perda no seu valor.
Medalha de ouro: Terra (LUNA)
Terra é (ou foi) uma plataforma blockchain proof of stake, a princípio focada no desenvolvimento de uma rede para a criação de stablecoins algorítmicas, lastreadas em diferentes moedas fiduciárias. LUNA é o token nativo do protocolo Terra.
Os problemas da Terraform Labs começaram em 7 de maio de 2022, quando a empresa resolveu sacar US$ 150 milhões e USTC do 3pool da Curve Finance, um pool de liquidez.
Em seguida, apenas 13 minutos depois da retirada da Terraform Labs, um trader fez um câmbio de US$ 85 milhões em USTC por USDC. Pouco depois, um outro endereço trocou US$ 125 milhões em UST por USDC.
Em resposta ao acontecido – já que saques de altas quantias de um pool de liquidez gera desequilíbrios e volatilidade – a Terraform Labs sacou US$ 100 milhões em UST para tentar “reequilibrar” o pool.
Esses grandes volumes negociados acabaram quebrando a paridade do UST e, em seguida, os investidores deram início a uma grande liquidação de suas posições em USTC.
Menos de três dias depois, o LUNA valia US$ 0,69, 99% abaixo da máxima histórica de US$ 119,18, alcançada pouco mais de um mês atrás. O TerraUSD despencou a US$ 0,22, uma variação negativa de 78% em relação ao seu preço alvo.
A medalha de ouro de pior investimento de 2022 para a Terra (LUNA) foi muito merecida, pois o token caiu este ano inacreditáveis 99,99% em capitalização de mercado.
