O mercado de criptomoedas atrai milhões de investidores, especialmente pela promessa de ganhos rápidos, impulsionada por tendências virais e o entusiasmo nas redes sociais. Os chamados “memecoins” — criptomoedas baseadas em memes da internet — se destacam nesse cenário. No entanto, a realidade é que a grande maioria dessas moedas, cerca de 97%, fracassa em pouco tempo, mostrando a fragilidade desse setor para quem busca lucros a curto prazo.
Essas criptomoedas se aproveitam da visibilidade criada por tendências virais para ganhar tração rápida, mas acabam por ser insustentáveis. Segundo Alvin Kan, COO da Bitget Wallet, o principal motivo pelo qual tantos memecoins falham está no pensamento limitado de seus desenvolvedores, que focam apenas no ganho momentâneo, sem planejamento de longo prazo.
Em entrevista à BeInCrypto, Kan explicou que muitos desses desenvolvedores lançam moedas para capturar o entusiasmo do mercado por algumas semanas ou meses, até que o efeito de “FOMO” (medo de perder) dos investidores desaparece. Com isso, o token perde relevância e quase desaparece do mercado. Ele destacou que, embora algumas moedas tenham alcançado sucesso significativo no primeiro trimestre de 2024, a maioria enfrentou colapso por falta de estratégia sustentável.
Esse padrão de queda, segundo Kan, é previsível, pois muitas moedas são criadas sem valor intrínseco ou um plano estratégico de longo prazo. Quando a empolgação inicial acaba, essas moedas desaparecem tanto dos mercados de negociação quanto das carteiras dos investidores.
Apesar das estatísticas desanimadoras, algumas criptomoedas conseguem desafiar as probabilidades e se manterem relevantes mesmo depois que a febre inicial diminui. Para Alvin Kan, o segredo do sucesso dessas moedas está em três fatores principais: utilidade além do hype, tokenomics inovador e marketing estratégico.
Um exemplo citado é a Shiba Inu (SHIB), que começou como uma concorrente do Dogecoin (DOGE), mas evoluiu para um projeto robusto, incorporando integrações com DeFi, staking e até funcionalidades de jogos Web3. Outras moedas, como Bonk (BONK) e Floki (FLOKI), também seguiram um caminho semelhante, oferecendo aplicações no mundo real e, assim, prolongando sua vida útil.
Kan destacou que moedas bem-sucedidas se diferenciam por construírem um ecossistema completo, que garante uma utilidade mais ampla para os tokens. Ele também mencionou que os desenvolvedores dessas moedas geralmente mantêm uma distribuição sólida de tokens, promovendo seu projeto por meio de parcerias estratégicas e sessões de AMA (Ask Me Anything) com influenciadores do mercado.
Além disso, a tokenomics, ou a estrutura de distribuição e circulação da moeda, também é um fator decisivo. Kan exemplificou que o BONK, por exemplo, destinou 40% de sua oferta para incentivos comunitários, criando recompensas claras para os detentores e incentivando o engajamento contínuo.
Outro ponto fundamental apontado por Kan é o marketing. Para ele, muitos memecoins fracassam porque se apoiam em campanhas de marketing virais, mas superficiais, muitas vezes alimentadas por bots e coberturas midiáticas de baixa qualidade. Esse tipo de promoção pode gerar um pico inicial de interesse, seguido por uma queda abrupta quando o interesse do público esfria.
Por outro lado, moedas que adotam estratégias de marketing mais maduras e estruturadas conseguem atrair um público fiel. Kan ressalta a importância de campanhas que promovam a confiança e o engajamento contínuo da comunidade, em vez de apenas buscar um aumento rápido no preço.