Senadora Cynthia Lummis acredita que a criação de uma reserva nacional de Bitcoin no Estados Unidos está longe de acontecer, antecipando que os estados provavelmente darão o primeiro passo nesse sentido. Em uma conferência de criptomoedas em Nova York, Lummis expressou sua opinião de que os estados serão mais rápidos do que o governo federal em adotar uma reserva estratégica de Bitcoin.
“Acredito que veremos um estado criar uma reserva de Bitcoin antes que o governo federal o faça. Os estados são verdadeiros incubadores de inovação”, disse ela, destacando o exemplo de países como os Emirados Árabes Unidos, que já possuem fundos soberanos comprando Bitcoin, enquanto os EUA ainda estão tentando entender como proceder.
A ideia de criar uma reserva de Bitcoin nos Estados Unidos foi inicialmente levantada por Lummis e pelo ex-presidente Donald Trump em julho de 2024, durante um evento de criptomoedas em Nashville. No início de 2025, Trump assinou uma ordem executiva para estudar a viabilidade de uma reserva nacional de ativos digitais, mas, até o momento, nenhuma ação concreta foi tomada.
Lummis, por sua vez, sugeriu que medidas poderiam ser adotadas sem a necessidade de uma autorização formal do Congresso. “Algumas dessas ações podem começar sem a necessidade de uma autorização legislativa formal. Vamos ver o que a Casa Branca está planejando e esperar poder acrescentar algo a isso”, disse a senadora.
Porém, em nível estadual, vários governantes estão reconsiderando a ideia de reservar Bitcoin como parte das finanças públicas. Embora a proposta tenha gerado interesse em diversos estados, quatro deles — Montana, Dakota do Norte, Dakota do Sul e Wyoming — rejeitaram recentemente projetos de lei que buscavam implementar tais reservas.
O principal argumento contra essas iniciativas foi a volatilidade e os riscos associados ao Bitcoin. A própria Wyoming, estado de Lummis, rejeitou uma medida para investir especificamente em Bitcoin, com apenas um voto a favor. Contudo, de acordo com a organização Bitcoin Laws, até agora, 24 estados apresentaram projetos de lei que propõem a criação de reservas de criptomoedas.
A percepção de que o Bitcoin e outros ativos digitais são altamente voláteis ainda persiste entre os legisladores. Jennifer Schulp, diretora de estudos de regulamentação financeira no Cato Institute, apontou que, apesar do crescimento do ambiente de ativos digitais, essa volatilidade continua sendo um desafio importante para a aceitação do Bitcoin pelos governos. “Há uma percepção bem fundamentada de que o Bitcoin e todos os ativos digitais são voláteis. Acredito que isso continuará a ser um problema, mesmo com o ambiente digital se mostrando positivo em muitos aspectos”, afirmou Schulp.
Enquanto alguns estados recuam diante da volatilidade, outros estão persistindo em suas tentativas. Em Ohio, por exemplo, novos projetos de lei foram apresentados tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, com o objetivo de criar uma reserva de Bitcoin. Chase Herro, cofundador da World Liberty Financial, um projeto de finanças descentralizadas associado a Trump, também está defendendo a criação de um fundo de reserva de Bitcoin.
Andrew Burchill, diretor executivo do Ohio Blockchain Council, argumentou que o Bitcoin tem se mostrado o ativo de melhor desempenho na última década em comparação com qualquer investimento tradicional, tornando a volatilidade menos arriscada quando se pensa no longo prazo. Em Oklahoma, a proposta de uma reserva de Bitcoin já avançou para a Comissão de Supervisão do Governo do estado. No entanto, ainda não está claro se o projeto terá apoio suficiente para ser aprovado como lei.
O futuro da reserva de Bitcoin nos Estados Unidos parece depender da capacidade dos estados em superar as preocupações sobre a volatilidade e de moldar uma estratégia que permita a adoção gradual do ativo digital em suas finanças.